Por thiago.antunes

Rio - O Ministério Público Federal do Rio (MPF-RJ) acusa a formação de núcleo do PSOL dentro da unidade São Cristóvão II do Colégio Pedro II. Em ação pública movida pelo procurador Fábio Aragão, o reitor Oscar Halac, o vereador e professor Tarcísio Motta (PSOL) e o sindicato dos servidores do Pedro II (Sindscope) são acusados de improbidade administrativa.

Na ação, o procurador afirma que o suposto núcleo do PSOL queria “doutrinar alunos na ideologia esquerdista comunista”. Segundo Aragão, depoimentos e vídeos feitos por pais mostrariam propaganda política para os candidatos Marcelo Freixo e Tarcísio Motta no colégio, prática proibida pela legislação eleitoral.

MPF move ação contra Pedro IIReprodução Facebook

Márcia Miranda, de 40 anos, afirma que panfletagem também foi feita na unidade onde seus filhos estudam, na Tijuca: “A questão política é tão forte no Pedro II que estamos considerando tirar nossos filhos do colégio”.

Professor do Pedro II, Tarcísio Motta nega ambas as acusações e destaca que o reitor Oscar Halac é seu adversário político. O psolista esclarece que, em 2014 e 2015, foram feitas reuniões de professores filiados ao PSOL no gabinete do deputado Chico Alencar, na Lapa. “O procurador ignorou essa informação. Todo trabalhador tem direito a se filiar a partido político”.

Tarcísio disse ainda que cumpriu com a lei de se afastar das salas de aula durante o período eleitoral, e que panfletagem foi feita apenas nas imediações do colégio. Ele ressalta que o processo é baseado em depoimentos, sem provas. “São ações características desse desembargador e caracterizam preconceito político-ideológico e abuso do cargo”. O PSOL afirmou que estuda medidas jurídicas “diante do histórico de processos descabidos movidos especificamente por este procurador”.

Escola com ou sem partido

O procurador Aragão é autor de várias ações contra ocupações no Pedro II e na UFRJ. Ele diz concordar com a ideia de uma “escola sem partido”, nome de projeto de lei que visa a coibir discussões políticas em sala de aula. “O Pedro II se tornou uma escola de um partido, o PSOL. Se fosse qualquer outro partido, também seria contra”, disse.

Já Tarcísio Motta chama o PL de ‘Lei da Mordaça’: “Nenhum de nós defende escola ‘com’ partido. Mas esse projeto esconde uma censura, matando a função essencial da escola, de descoberta do mundo, que passa pela discussão de acontecimentos atuais. Além disso, nega a autonomia dos alunos, que não são tábulas rasas”.

O diretor do Sindscope Marcos Ponciano, identificado como anarquista, lembra que o Pedro II defende o livre pensamento, e se queixa de perseguição ideológica. “Entendemos que este é um processo ligado ao Escola sem Partido, sem fundamentação jurídica”.

Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat

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