Rio - A Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou a presença do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) numa palestra no Clube Hebraica, na Zona Sul, realizada na segunda-feira, dia 3. Na ocasião, o parlamentar fez afirmações preconceituosas e jocosas sobre negros, indígenas, mulheres, gays, refugiados e integrantes de ONGs, e defendeu que todo brasileiro tenha uma arma de fogo em casa. Foi muito aplaudido e ouviu gritos de apoio, sendo chamado de "mito" por parte da plateia.
Em nota divulgada na terça-feira, 4, a Conib não cita a falta pelo deputado, mas diz que a comunidade judaica defende "o respeito absoluto a todas as minorias".
Jair Bolsonaro falou para um auditório lotado por cerca de 500 ouvintes. Do lado de fora, houve protesto por parte de integrantes da comunidade judaica que haviam se levantado veementemente nas semanas anteriores contra a presença do deputado na Hebraica.
Na Hebraica de São Paulo, a mobilização da comunidade levou ao cancelamento do mesmo evento com Bolsonaro. A reportagem está tentando uma resposta da Hebraica no Rio sobre a controvérsia, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. O clube judaico foi fundado há 60 anos e oferece atividades esportivas e sociais a seus membros.
Na íntegra da nota, a Conib afirma: "A palestra de Jair Bolsonaro na Hebraica do Rio de Janeiro nesta segunda-feira, 3 de abril, provocou, como se esperava, divisão e confusão na comunidade judaica. A Conib apoia o debate político e acha que ele é sempre necessário. Ainda mais neste momento de desdobramentos dramáticos da política nacional. Defendemos, porém, que esse debate tenha critérios e seja pautado, sempre, pelo equilíbrio e pela pluralidade. Nossa comunidade abriga uma grande diversidade de pensamento, e os dirigentes comunitários precisam ter isso claro para bem cumprirem seu papel. A comunidade judaica defende, de forma intransigente, os valores da democracia e da tolerância e o respeito absoluto a todas as minorias."
Na palestra, Bolsonaro falou de sua pré-candidatura à presidência da República em 2018. "Se eu já chegar lá, não vai ter dinheiro para ONG, eles vão ter que trabalhar", "todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa" e "não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou quilombola" foram algumas das frases de Bolsonaro mais aplaudidas.
"Se algum idiota vier falar comigo sobre misoginia, homofobia, racismo, 'baitolismo', eu não vou responder sobre isso. Eu quero falar sobre como tirar o Brasil da miséria. Eu não tenho nada a ver com homossexual. Se o bigodudo quer dormir com careca, vai ser feliz", declarou.
Bolsonaro desdenhou dos protestos contra ele na porta do clube: "Alguém já viu japonês pedindo esmola por aí? É uma raça que tem vergonha na cara. Não é como essa minoria que está ruminando aqui embaixo".