Por nadedja.calado

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse que vai processar o advogado Jonas Lopes Neto, que em delação premiada afirmou que o governador teve R$ 900 mil em despesas pessoais pagas com dinheiro de propina do esquema do Tribunal de Contas do Estado.

"É uma mentira deslavada. Nem conheço Jonas Lopes Neto. Tenho muita tranquilidade quanto a essas acusações. Quem conhece meu padrão de vida, sabe. Nem meus quatro anos de salário chegam a um dinheiro desses. A única coisa que eu sei é que vou processá-lo", afirmou Pezão.

Pezão pretende processar Jonas Lopes NetoTomaz Silva / Agência Brasil

O governador confirmou que participou de reuniões com conselheiros do TCE. Segundo a delação de Jonas Lopes Filho, conselheiro do TCE licenciado, o encontro teria ocorrido para negociar valores de propinas para os integrantes da corte. Pezão nega.

Segundo a versão do governador, havia recomendação da Procuradoria-Geral do Estado para submeter todos os editais de obras previamente ao TCE. "Essa reunião foi para cobrar. Corríamos até risco de perder recursos do governo federal", afirmou.

Perguntado sobre como se sente em relação à situação política do Estado após a prisão de ex-governadores e ex-secretários, Pezão afirmou que as investigações "fazem parte da democracia". Mas disse não acreditar que a crise aberta pela Lava Jato tenha fragilizado o Rio na negociação de acordo de recuperação fiscal com o governo federal, que pode aliviar as contas do Estado. Ele acredita que o texto do projeto será votado pela Câmara na próxima terça-feira.

O governador esteve na Justiça Federal para prestar depoimento como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral em ação que corre em Curitiba. Ele falou por vídeo conferência. Segundo Pezão, não houve perguntas do juiz Sergio Moro, apenas uma do Ministério Público e outras de advogados de Cabral.

O governador reafirmou a amizade com Cabral e disse que respeita a família do ex-governador. "Que se dê o direito de defesa dele. Se errou, as penas têm que ser cumpridas. Claro que não é uma situação confortável. Sempre gostei muito do Sérgio." Perguntado se os R$ 300 milhões supostamente desviados por Cabral, segundo acusação do Ministério Público, não fazem falta, respondeu: "Tudo faz falta. Qualquer milhão faz falta".

A delação

Segundo Lopes, Pezão teria participado de uma reunião, realizada em sua própria casa, em 2013, com o então ex-presidente do TCE e conselheiros. Nela, Jonas Lopes acusou Hudson Braga, que está preso desde novembro em Bangu 8, mesma cadeia que Cabral, de não repassar a propina. O então vice-governador teria acalmado os ânimos de conselheiros que discutiam sobre valores recebidos nas propinas. Após esta reunião, os pagamentos ilícitos começaram a ser feitos regularmente. As informações foram divulgadas pelo RJTV coom base em depoimento do Ministério Público Federal (MPF), em fevereiro deste ano.

Um outro encontro com Jonas Lopes, segundo sua delação, ocorreu em 2015, dentro do Palácio Guanabara, quando Pezão já era governador do estado. Nesta ocasião, Affonso Monnerat, secretário de governo, foi "nomeado" como interlocutor do governo junto ao TCE sobre os repasses de propina.

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