Rio - Um policial militar que seguia para o trabalho reagiu a uma tentativa de assalto a passageiros do ônibus 2336 (Castelo-Campo Grande), na manhã desta terça-feira, na Avenida Francisco Bicalho, em São Cristóvão. Um dos criminosos morreu no local e outro foi socorrido após ficar baleado.
O ônibus seguia para o Centro do Rio, por volta das 7h, quando três homens, dois deles armados, entraram no veículo na Avenida Francisco Bicalho. Um dos assaltantes rendeu o motorista enquanto os outros dois anunciaram o assalto aos passageiros. Em seguida, o soldado da PM atirou contra os criminosos, atingindo dois deles. O morto era Lucas Campelo, de 17 anos. Pelo menos sete tiros foram disparados dentro do coletivo, mas não há informação de passageiros feridos.
A namorada do morto esteve no local do crime. "Fiquei sabendo da morte dele porque minha tia passou aqui e viu ele. Trabalho aqui perto e vim. Não sei se era bandido", disse a jovem, também de 17 anos.
O suspeito baleado, identificado como Victor Hugo P. dos Santos, de 21 anos, foi levado para o Hospital Souza Aguiar, no Centro, e não há informações sobre o estado de saúde dele. Com os criminosos, os policiais apreenderam um revólver calibre 38. O terceiro envolvido, um adolescente, foi posteriormente reconhecido ao dar entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar. Ele foi apreendido na unidade.
Dentro do veículo havia também um marinheiro e um guarda municipal. O caso será foi registrado pela Delegacia de Homicídios (DH-Capital), que esteve no local e realizou perícia.
Assustado, o motorista do ônibus revelou que trabalhava também no dia em que um coronel do Exército foi baleado dentro do seu veículo, na semana passada. "Sou motorista há 20 anos, estou nessa linha há um mês e essa é a segunda vez que sou assaltado. Eles entraram na Francisco Bicalho e não deixaram ninguém sair. Foi quando começou o tiroteio. Fiquei com medo de morrer", disse Hélio Roberto Costa.
Hélio Roberto disse que estava desembarcando os passageiros quando os bandidos entraram correndo. "Está difícil dirigir nessa linha. É comum eles assaltarem aqui na Francisco Bicalho, e são sempre os mesmos. Hoje eu nasci de novo. Fico com medo, mas tenho que trabalhar. Quando volto para casa agradeço por estar vivo", declarou.
Na polícia há seis anos, o policial — que vamos identificar como X — havia saído de casa, em Campo Grande, e seguia para o serviço no Centro. Em conversa com O DIA, X contou como aconteceu o crime. "Eles renderem o motorista e colocaram a arma na cabeça dele. Como eu estava atento, consegui identificar que um dos elementos estava armado. Vendo que não colocaria a vida de ninguém em risco, efetuei os disparos para cessar a injusta agressão ao motorista, aos passageiros e inclusive a mim", disse o PM. "Foi a primeira vez que eu presenciei um assalto, mas eu ouço relatos que é bastante comum roubos nessa linha", finaliza.
Em nota, a Polícia Militar informou que o policiamento na Bicalho já é intensificado. "No entorno do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), o 4ºBPM mantém a presença ostensiva, no horário apontado nos estudos da mancha criminal. O comando adianta também que, ainda nesta semana, destacará uma equipe de policiamento para atuar exclusivamente no interior dos coletivos, entre o INTO e a Avenida Presidente Vargas, com o objetivo de reduzir a incidência de crimes nessa área", diz o documento.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento