Rio - Depois de vários dias de pedidos de socorro da população carioca, eles estão chegando. Os 300 homens e mulheres da Força Nacional saíram de Brasília nesta segunda-feira, de comboio, e viajaram durante a noite para reforçar a segurança na cidade. Inicialmente, eles vão ficar no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), em Guadalupe. Os agentes devem passar por um período de ambientação até irem para as ruas. Permanência no estado foi autorizada pelo ministro da Justiça Osmar Serraglio por mais 90 dias, conforme publicado no Diário Oficial da União nesta terça-feira.
A nova remessa do efetivo federal vai se juntar aos 125 soldados que já estão no Rio desde dezembro do ano passado. As informações iniciais dão conta de que os soldados também vão participar do policiamento ostensivo da Assembleia Legislativa (Alerj) e do Palácio Guanabara, em Laranjeiras.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, adiantou ontem que o plano de segurança federal, que ainda não está pronto, deve ser semelhante ao utilizado durante as Olimpíadas. O ministro afirmou que é mais importante atacar a “cadeia de comando do crime”. Nesse sentido, a estratégia vai ser diferente do modelo utilizado pelos militares antes do Carnaval, com o decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “Aquilo dá uma sensação de segurança, mas não resolve nossos problemas”, disse Jungmann em um evento no Monumento aos Pracinhas, segundo o ‘G1’.
Jungmann também citou que a operação federal tem alto custo, mas a União não pode mais gastar em “coisas que não são efetivas”. O ministro criticou a ocupação do Complexo da Maré pelo Exército, que durou um ano e meio e custou R$ 400 milhões. “Quando nós saímos, não entrou o estado com seu conjunto de serviços. O que foi que aconteceu: em boa medida, aquilo (o tráfico) voltou”, disse, segundo o ‘G1’.
O governo federal autorizou o reforço de segurança na quarta-feira passada, depois de um dia de caos na cidade. Uma operação policial que prendeu 45 pessoas e apreendeu 32 fuzis, na Cidade Alta, em Cordovil, gerou uma onda de represália do tráfico. Criminosos incendiaram nove ônibus e dois caminhões em vias da cidade e ordenaram saques. Pelo menos, 28 escolas e dez creches ficaram fechadas.
Município avalia tecnologias para monitorar ‘fronteiras’ do Rio
O cerco eletrônico de pontos-chave de acesso ao Rio é uma das promessas da prefeitura para frear a violência na cidade. Uma das iniciativas de proteção é a utilização de 90 câmeras instaladas em vias mais movimentadas e de entrada do Rio para verificar carros suspeitos, roubados ou furtados. Ontem, na segunda reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), o prefeito Marcelo Crivella assistiu a exposições de uma empresa internacional que produz tecnologia de monitoramento de fronteiras.
Como O DIA publicou na semana passada, entre as opções para verificar a carga de veículos e evitar a entrada de armas e drogas na cidade estão equipamentos portáteis com visão de Raio-X, como portais e caminhões scanner. Outros exemplos analisados foram o videomonitoramento implantado em Madri e o controle desenvolvido na fronteira mexicana.
Na reunião, o secretário municipal de Ordem Pública, Paulo Amendola, reforçou a importância da integração com as forças de segurança, principalmente a Polícia Militar, mais próxima das comunidades por conta das UPPs. “A Polícia atua no efeito da criminalidade, mas cabe à prefeitura ter ações preventivas que resolvam os problemas gerados da violência.Se isso tivesse sido feito na época da implantação das UPPs, o projeto não teria fracassado”, destacou.