Rio - Os entornos das comunidades do Chapadão e da Pedreira, entre Pavuna e Costa Barros, serão as primeiras regiões a sofrerem intervenções militares a partir de segunda-feira, quando entrará em operação o reforço de 300 homens da Força Nacional, cedido pelo Ministério da Justiça (MJ). O objetivo é reprimir roubos de cargas na região.
O anúncio foi feito ontem por líderes das forças policiais que se reuniram no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro do Rio, para traçar estratégias de controle da violência. Homens das polícias Civil e Militar atuarão nas favelas e, os agentes da Força Nacional, em apoio à Policia Rodoviária Federal (PRF), nas dez principais estradas federais que cortam o estado.
Em nota, a PRF informou ontem que a corporação “ainda está aguardando autorização do Ministro da Justiça (para o deslocamento de grupamentos para o Rio). Não há ainda previsão”, destacou o texto.
Segundo cálculos do MJ, cada integrante da Força Nacional deslocado ao Rio custa, por dia, R$ 224 aos cofres públicos, para o pagamento, pelo governo federal, de diárias, hospedagem e alimentação. A manutenção das tropas no Rio pelo período de 90 dias, que poderá ser ampliado, custará cerca de R$ 6 milhões à União.
No encontro de ontem, ficou definido que os agentes vão se posicionar em pontos onde há maior número de registros de ataque das quadrilhas nas vias de acesso ao estado, especialmente nas rodovias Presidente Dutra, Washington Luís, Rio-Petrópolis e Avenida Brasil.
“Vamos atuar em cima da mancha criminal que mapeamos e que apontamos como críticos. O foco é o roubo de veículos e cargas. O patrulhamento será dinâmico”, adiantou o subsecretário de Segurança, Roberto Alzir, admitindo que o efetivo a ser empregado nos próximos dias contra a criminalidade não é o bastante.
“Obviamente esse apoio é bem- vindo, mas não é o suficiente para resolver o problema do estado. Com certeza, porém, surtirá efeitos imediatos nos locais prioritários”, completou.
Alzir deixou claro que, na primeira fase do planejamento, os integrantes da Força Nacional não vão entrar em favelas, realizando cercos apenas nos arredores. As tropas da Força no Rio serão comandadas pelo coronel Benedito Pereira, que não deu declarações à imprensa, assim como o diretor do órgão, coronel Joviano Conceição Lima.
Em visita ao Rio no dia 28, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que a intenção das forças de segurança é atacar a cadeia de comando do crime organizado, mas com atuação diferente dos moldes do decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), com militares patrulhando vias públicas pela cidade.
Forças Armadas não é descartada
O subsecretário de Segurança não descarta a possibilidade de o estado receber efetivo das Forças Armadas, como ocorreu às vésperas da instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). “O governador sinalizou ao presidente Temer a necessidade de apoio do governo federal. Havendo o apoio das Forças Armadas, se somará a esse esforço nosso no controle da criminalidade”, contou Alzir.
Os 300 homens da Força Nacional, que atuarão no combate ao roubo de cargas, vão se juntar aos 125 agentes da corporação que chegaram ao Rio em fevereiro. A tropa foi convocada por conta da paralisação da PM e para garantir as votações de medidas fiscais do governo do estado na Alerj.
Em 2016, quase 10 mil roubos de cargas foram registrados no estado, causando prejuízo de R$ 619 milhões ao setor. Conforme o DIA revelou recentemente, com exclusividade, para evitar confrontos, quadrilhas ligadas às maiores facções criminosas do Rio fizeram um acordo inédito: os bandos passaram a lotear e demarcar territórios onde atacam veículos de cargas, na Zona Norte. A informação é investigada pela inteligência das polícias Civil e Militar.