Rio - A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) de Volta Redonda pediu a prisão preventiva de Douglas William Santos Morais, nesta terça-feira, suspeito de espancar a ex-mulher. Assim como divulgado pelo DIA, Danila Areal denunciou as agressões dele por meio de uma transmissão ao vivo no Facebook. Nas imagens, a vítima aparece com marcas de hematomas nos olhos, pescoço e braços.
De acordo com a vendedora, de 28 anos, o caso mais recente ocorreu neste sábado — um mês após a separação — na casa dela, em Volta Redonda, no Sul Fluminense. "Eu fui agredida por ele durante oito anos, desde os primeiros meses de relacionamento, mas não tinha coragem de denunciar. Me sentia acuada e envergonhada", revelou.
Danila conta que o ex-companheiro, de 39 anos, não entrou em contato após sua publicação nas redes sociais. "A última vez que eu o vi foi no sábado. No entanto, ele mandou dois amigos dele no hospital que eu estava. Acho que para ver o estrago que ele tinha feito". A autonôma conta que o homem soube dos seus planos de compartilhar a agressão e pediu para que uma amiga fosse até sua casa. "Ela foi me acovardar e disse que ele faria coisa pior caso a história vazasse."
A vítima afirma que ligou 17 vezes para o número 190 da Polícia Militar, mas não recebeu qualquer tipo de ajuda. Procurada, a corporação disse que este número é de responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública. Em nota, o órgão esclareceu que a Central 190 recebe em média 7 mil ligações diárias, sendo que as ligações fora da Região Metropolitana migram para os batalhões locais.
Delegada investiga o caso
Para a delegada Maria Madalena Carnevale, Daniela fez o vídeo em um "momento de desespero" e ajudou a repercutir o caso, mas, ao mesmo tempo, "impediu a prisão do ex-marido". "Quando a mulher faz a denúncia, a Deam intima o acusado para depor. Com o vídeo, é claro que ele não vai aparecer, ele fica ainda mais acuado. Ela fez o vídeo depois de denunciá-lo no fim de semana. Foi um momento de desespero dela", reforçou.
Maria Madalena acrescenta ainda que vídeo de Danila faz transparecer que ela não teve nenhuma ajuda da Polícia Civil. "Ela ligou 17 vezes para a PM e a corporação não fez o flagrante. Mas, quando ela chegou na Deam, foi prontamente atendida, até elogiou o nosso atendimento", contou.
Exposição nas redes sociais
Para Danila, se expor na Internet foi uma saída para se manter viva. “Sempre fui muito vaidosa e me mostrar dessa forma foi o único jeito de pedir ajuda. Eu só queria que alguém pudesse me ajudar, tinha medo de morrer", diz. "No início, a minha sensação era de revolta e medo. Agora é de gratidão. O vídeo me ajudou muito", completa a jovem, que prestou depoimento nesta terça-feira, e conta com o apoio psicológico e jurídico da Casa da Mulher.
"Esse tipo de violência acontece todos os dias. O que aconteceu comigo, acontece com outras milhares. As mulheres morrem por isso e elas precisam denunciar. Quero ajudar outras mulheres", finaliza.
Uma amiga de Danila denunciou o caso para a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres de Volta Redonda, Dayse Penna, que diz ter se chocado ao ver o relato da vítima. "Fiz o primeiro acolhimento, perguntei a Danila se ela conhecia os serviços da secretaria. Ela respondeu que não. Então ofereci a ajuda e me coloquei à disposição para qualquer emergência”, contou Dayse.