Por adriano.araujo

Rio - Vindos de Miami, nos Estados Unidos, 60 fuzis estavam prestes a entrar despercebidos no Rio pelo Aeroporto do Galeão. Mas uma operação deflagrada nesta quinta-feira pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) impediu que o armamento de guerra seguisse seu destino: as mãos de criminosos no estado. Foi a maior quantidade de fuzis já apreendida em território fluminense, e cada um seria vendido por até R$ 70 mil. Quatro suspeitos foram presos no Rio e um brasileiro é procurado no exterior. Eles são apontados como membros de uma quadrilha internacional de armas.

O carregamento chegou ao Galeão na semana passada e foi apreendido cinco dias depois no terminal de cargas durante o despacho aduaneiro. Para driblar a fiscalização, o armamento foi transportado dentro de aquecedores de piscina. Como o material não passou pelo raio-x no aeroporto, ele seria distribuído a traficantes se a Polícia Civil não tivesse intervindo, ressaltou o delegado assistente da DRFC, Tiago Dorigo. “Nem tudo passa pelos scanners”, explicou. Ciente da chegada das armas, a Civil acionou a Polícia Federal, que determinou a inspeção.

Os fuzis%2C a maioria AK 47 e AR 10%2C estes últimos os modelos usados pelo Core e Bope%2C grupos de elite da polícia carioca%2C renderiam R%24 4 milhões se fossem vendidos Márcio Mercante / Agência O Dia

Segundo investigadores, a quadrilha já pode ter trazido outros 30 carregamentos como este para o Rio. Ou seja, 1.800 fuzis. A operação foi possível graças à investigação iniciada pela Polícia Civil em 2015 , após o assassinato de um policial militar vítima de um assalto com pistola em São Gonçalo. “A polícia seguiu o rastro da arma que matou esse policial. A investigação começou focada em associação ao tráfico das comunidades de lá. Ela evoluiu e a gente identificou também o tráfico de armas”, resumiu Dorigo.

O delegado informou ainda que unidades da Civil passaram a perceber o uso de fuzis AR-10 calibre 762 em algumas ações criminosas na capital e na Baixada Fluminense. “Havia um link entre a investigação em curso em Niterói e a utilização dessas armas. Mesmo modelo, mesmo calibre...”, acrescentou.

Entre os fuzis apreendidos, a maioria com a numeração raspada, havia 14 AR-10 (usado pela Core e pelo Bope), 45 AK-47 e um G3, de alto poderio bélico. Segundo a polícia, a apreensão foi avaliada em R$ 4 milhões. Segundo o delegado titular da DRFC, Maurício Mendonça, dois dos presos moravam em Niterói, um na Baixada e outro em Jacarepaguá. Eles foram capturados em locais diferentes. Dois eram responsáveis pelo recebimento e distribuição das armas, um, pelo desembaraço aduaneiro, e outro, pelo transporte do aeroporto até o galpão da organização criminosa, que a polícia não informou onde fica. Os delegados não esclareceram quais quadrilhas ou facções seriam abastecidas pelas armas.

As armas foram trazidas dentro de aquecedores de piscina%2C que estavam em contêineres no Terminal de Carga do Galeão. As armas seriam vendidas por até R%24 70 mil cadaMárcio Mercante / Agência O Dia

Polícia Civil vai pedir autorização para usar as armas

Foram presos preventivamente Marcio Pereira e Costa (despachante), Luciano Andrade Faria (motorista), João Victor Silva Roza (dono da carga) e José Carlos dos Santos Lins. O nome do brasileiro procurado nos Estados Unidos não foi divulgado. Segundo a Polícia Civil, ele é dono de uma empresa regularizada que atua no mercado de importação e exportação com uma atividade criminosa semioficial. Os delegados explicaram que o despachante Marcio Pereira e Costa é credenciado no aeroporto para “desembaraçar mercadorias” que chegam ao país.

A Polícia Civil vai solicitar que as armas apreendidas sejam destinadas para uso da corporação. “Quantas pessoas vão deixar de morrer com a apreensão desses fuzis? Me sinto enxugando gelo, mas ‘ai’ da sociedade se a gente não exugasse gelo dia dia após dia”, comentou o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá.


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