Por adriano.araujo

Rio - Abalado pelo fim trágico que teve a omissão de socorro da médica Haydee Marques da Silva a Breno Rodrigues Duarte da Silva, de um ano e meio, o motorista da ambulância narrou o episódio que antecedeu a morte do menino. Ele reforçou que a profissional se recusou a prestar o atendimento quando soube se tratar de uma criança. Robson de Almeida Oliveira prestou depoimento na 16ª DP (Barra) nesta sexta-feira. As técnicas de enfermagem — a que trabalha com a família e a que estava na ambulância — e o porteiro do condomínio são esperados na delegacia ainda hoje.

"A gente tinha ido buscar ela (a médica) na residência dela e já tínhamos uma ocorrência na Penha. Em seguida, foi abortada porque apareceu uma na Barra, essa da criança (Breno). Fomos até o local para atender e quando chegamos na portaria pedi para o porteiro anunciar a nossa chegada. Enquanto ele anunciava, a doutora pediu um informe da técnica sobre o nome do paciente. Quando soube da idade, ela começou a gritar comigo, botou o dedo na minha cara. 'Vamos embora, não vou atender a criança nenhuma. Eu vou embora agora, sai daqui agora!', gritando comigo. Eu achei um absurdo, uma médica que é estudada, formada e agir dessa forma. Para mim é errado", contou Robson.

Os pais com o pequeno Breno%2C de 1 ano e 6 meses%2C que morreu após médica da Cuidar Emergências Médicas%2C terceirizada da Unimed%2C negar socorroReprodução Internet

O motorista disse que ele e quem estava no local imploraram para que ela prestasse o socorro à criança, mas Haydee só gritava que não atenderia e rasgou o documento usado para colocar informações sobre o paciente, conforme ficou constatado nas imagens de câmeras de segurança. 

"Estávamos pedindo para ela para a gente subir. 'Vamos subir, vamos lá atender o paciente. É rapidinho, a gente bota na ambulância e leva.' E ela dizia 'não quero, não quero!'", explicou.

Robson ficou extremamente emocionado e chorou quando questionado de como agiu quando soube da morte da criança. Ele diz que se o atendimento tivesse sido feito, Breno estaria vivo.

"Passou mil coisas. Não tenho nem palavras. Se tivesse socorrido, tivesse subido, não teria morrido. Eu queria deixar aqui meus pêsames para a família e dizer que não foi erro da equipe, foi erro da médica. Não foi erro da empresa, foi erro da médica. Ela que omitiu socorro, não foi a equipe, não foi a empresa."

O funcionário da "Cuidar Emergências Médicas" falou que soube da morte do menino pela imprensa. "Estava em casa, vendo reportagem. Acabou comigo, não tive forças." Segundo ele, a médica, que tinha começado o plantão às 7h, abandonou o turno após a ocorrência envolvendo Breno.

"Eu queria mandar um recado para as médicos: Uma vida não importa que seja de um ano de idade, seja de 10, 50 mil anos. Uma vida é uma vida, tem que socorrer", defendeu.

OUÇA NA ÍNTEGRA A ENTREVISTA DO MOTORISTA DA AMBULÂNCIA

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