Por thiago.antunes

Rio - Constantes assaltos a estabelecimentos comerciais têm assustado lojistas. Presidente da Câmara de Dirigente Lojistas do Rio (CDL-Rio), Aldo Gonçalves ressalta que, além de se reinventarem para driblar a crise nas vendas, comerciantes que resistem com as portas abertas se tornam alvos de bandidos.

Na manhã de ontem mais uma filial da Lojas Americanas, dessa vez no Recreio dos Bandeirantes, foi alvo de bandidos: o objetivo eram os aparelhos celulares. Nem as câmeras de segurança e os vigilantes inibiram a ação.

Três suspeitos foram presos pelo ataque à filial do bairro do RecreioReprodução Twitter

Segundo dados da Polícia Civil, de 2014 a 2016 mais de 300 lojas especializadas em venda de aparelhos celulares foram roubadas. De janeiro a abril deste ano, cerca de 6 mil aparelhos foram parar nas mãos de bandidos. Somados os dados de 2017, a polícia estima um prejuízo de mais de R$ 30 milhões para o comércio.

Apesar de a rotina mostrar um cenário diferente, os dados do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) mostram que houve uma redução no número de roubos a estabelecimentos comerciais. Em março deste ano foram registrados 522 casos, enquanto no mesmo período de 2016 foram 599 — uma queda de 12,9%.

Só este mês, esta é a quarta filial das Lojas Americanas a ser roubada. Os três primeiros alvos foram em Copacabana, Ipanema e Flamengo, na Zona Sul. No dia 25 de maio, o alvo foi a loja de Laranjeiras.

Na ação de ontem, por volta das 8h, três assaltantes renderam cinco funcionários que se preparavam para abrir a Americanas do Recreio. O vigilante da loja percebeu a movimentação através das câmeras de segurança e acionou a polícia, que chegou logo em seguida.

Um assaltante foi preso quando fugia em direção à Zona Sul. Outros dois roubaram um carro na Avenida Genaro de Carvalho e seguiram até Guaratiba. De lá, partiram em um ônibus que seguia para Campo Grande, mas foram presos no caminho. Um dos assaltantes é ex-funcionário da loja .

O caso foi encaminhado para a 16ª DP (Barra). Procurada, a assessoria da Lojas Americanas disse que não iria se pronunciar. Em 2016 foram 1.678 lojas fechadas no estado, destas, 732 na capital, segundo a CDL-Rio.

Lojas fechadas e assaltos diários

Mesmo depois 15 homens protagonizarem um arrastão no início do mês, na Praça Tiradentes, comerciantes da região garantem que em nada melhorou o policiamento. Há 54 anos com um ponto na Rua Pedro I, transversal à Tiradentes, “J”, que preferiu não se identificar, gasta quase R$ 1 mil com segurança por mês.

“As vendas não estão boas. Aqui, nessa rua mesmo, quatro lojas fecharam. Já fomos assaltados três vezes. Dia desses parou uma viatura da PM na praça, mas ficaram uns dois dias e nunca mais apareceram”, questiona “J”.

Gerente de um restaurante bastante movimentado na região e que funciona 24h, “W” revela que junto a outros colegas do comércio pagam a segurança da rua. “Nunca fomos assaltados, mas na rua vejo muita gente perder o celular ou a bolsa. Isso a qualquer hora. Virou rotina”, disse “W”.  

Apesar da maioria dos comerciantes da região questionar a falta de policiamento, a PM informa que o policiamento na área foi intensificado 24 horas. “Viaturas e motocicletas no patrulhamento dinâmico e viaturas baseadas de acordo com a mancha criminal”, disse a nota.  

Aldo ressalta que já se reuniu com representantes do estado para que oferecessem reforço no policiamento no Centro, “mas a resposta é sempre muito burocrática e nada fazem”, diz.

Com o estagiário Rafael Nascimento

Você pode gostar