Rio - Parentes do inspetor penitenciário Paulo Sergio Araújo, de 56 anos, executado domingo com 18 tiros, revelaram que ele já teria comunicado a seus superiores que estava sob ameaça de traficantes do Comando Vermelho (CV) presos em Bangu 3, que o reconheciam como um agente ‘linha dura’.
Apesar disso, o chefe de segurança da Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho apenas recebeu a orientação para não mais agir com rigor, contam parentes, que preferiram não se identificar. Assim como Araújo, outros servidores da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) se sentem ameaçados e exigem mudanças.
“Os inspetores estão trabalhando em condições péssimas em todas as unidades prisionais e em Bangu 3 é ainda pior”, disse Wilson Camilo, presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio (Sindsistema). A entidade busca o reconhecimento constitucional dos inspetores para que sejam tratados perante a lei como policiais, tendo entre outras possibilidades, o porte de armas.
A Penitenciária Gabriel Ferreira Castilho é considerada a panela de pressão do sistema prisional, prestes a explodir. O presídio de segurança máxima abriga chefões do CV que não foram transferidos para penitenciárias federais fora do Rio. Bangu 3 é composta ainda pela Penitenciária Serrano Neves, onde estão presos do segundo escalão do CV.
Em 2003 presos armados com fuzis tentaram fugir pela porta da frente do presídio. Uma rebelião que durou mais de três dias terminou com um agente do SOE morto e outro ferido.
No final de 2015 foram encontradas 49 balas de fuzil calibre 5.56 em um buraco no piso da galeria B6. Na época, havia informações de que os presos teriam fuzis desmontados dentro das celas. Os agentes deixaram de fazer revista nos presos depois que eles voltavam do banho de sol e seguiam para o isolamento. Paulo Sérgio será enterrado hoje, às 13h30, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Reportagem de Paola Lucas com o estagiário Rafael Nascimento