Por adriano.araujo

Rio - A conclusão do inquérito contra a médica Haydee Marques da Silva, indiciada por homicídio doloso — com a intenção de matar — pela morte do bebê Breno Rodrigues Duarte da Silva por omissão de socorro, deixou a mãe da criança, Rhuana Lopes Rodrigues, feliz e confiante que a Justiça possa ser feita. Entretanto, ela não concordou com delegada Isabela Ponti, que não pediu a prisão da profissional, sob a alegação de que ela não apresenta riscos e que colaborou com as investigações.

Haydee Marques da Silva foi indiciada por homicídio doloso pela omissão de socorro que causou a morte do bebê BrenoSeverino Silva/Agência O Dia

"Na verdade, eu nem sei muito o que dizer. Por um lado feliz porque as coisas estão tomando um rumo. Tem essa questão de que ela não apresenta risco. Ela apresenta risco, sim. Se precisar atender outra criança e omitir socorro novamente, como fez com meu filho?", questionou Rhuana, lembrando que o registro profissional da médica ainda não foi cassado.

A empresária disse que espera que o Ministério Público do Rio (MPRJ) peça a prisão de Haydee e que a mudança de homicídio culposo para doloso agilize o processo de cassação da profissional junto ao Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj).

"Confesso que espero sim. A delegada disse que não pediria a prisão por ela não apresentar risco. Eu entendo que ela não vá fugir, que se apresentou, mas para mim ela apresenta risco, sim. Ela tem registro e pode trabalhar a qualquer hora. Minha preocupação é atender com outra criança", falou.

Ela relembrou os momentos que antecederam a morte de Breno e reiterou que, caso a médica tivesse socorrido o seu filho, de um ano e seis meses, ele ainda poderia estar vivo. O bebê tinha uma doença neurológica e sofria com fortes convulsões, mas vinha apresentando uma grande melhora desde que iniciou um tratamento a base do extrato de canabidiol, que diminuiu os ataques. 

Pais com o menino Breno%2C de 1 ano e 6 meses%2C que morreu após médica da Cuidar Emergências Médicas%2C terceirizada da Unimed%2C negar socorroReprodução Internet

"Como sempre digo: ela me tirou uma chance, ela tinha aparelhos na ambulância ou em qualquer hospital que o levasse. Por mais que eu tivesse auxílio em casa, não é a mesma coisa que um hospital. Tentamos de tudo em casa, mas não tinha como entubulá-lo, coisa que ela poderia ter feito, ou no hospital."

Segundo ela, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) que constatou que a médica poderia ter evitado a morte de Breno comprovou o que ela sempre disse. " Ele (o laudo) foi muito feliz e mostrou tudo o que eu tentava dizer o tempo todo", finalizou.

Questionado, o Ministério Público do Rio informou que o promotor responsável pelo caso ainda não recebeu a denúncia. A reportagem entrou em contato com o Cremerj para saber sobre a sindicância que investiga a conduta da médica e se a cassação será pedida após o indiciamento por homicídio doloso, mas o conselho ainda não respondeu.

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