Rio - A médica Haydee Marques da Silva chegou à 16ª DP (Barra da Tijuca) por volta das 10h30 desta segunda-feira, onde era esperada para prestar depoimento sobre a omissão de socorro de Breno Rodrigues Duarte da Silva. Na entrada da delegacia, ela se recusou a falar com a imprensa. De acordo com o advogado da família do menino, Gilson Moreira, ela sabia que o quadro da criança era grave.
"O alerta foi dado a equipe médica. Tanto que, inicialmente, a equipe iria para a Penha, mas foi deslocada para a Barra da Tijuca por conta da gravidade do quadro da criança", destacou Moreira. "Acho que as razões que ela apresenta em sua defesa não tem fundamento. O fato de não ser pediatra não a exime de realizar o atendimento", criticou.
"Ela repetiu no depoimento dela que, por não ser pediatra, não poderia atender a criança. Existe a possibilidade pelo crime doloso, mas ainda não aconteceu. Por tudo que os policiais estão juntando, o caminho será esse. Ela já cometeu outras infrações e nós acreditamos que a tipificação será alterada. Ela chorou, mas saiu do depoimento com a frieza em que entro", disse Moreira.
A família da criança pretende processar e pedir danos morais da Unimed e da empresa Cuidar Emergências Médicas. Na avaliação do advogado, as empresas precisam indenizar os pais do paciente.
O advogado disse, ainda, que espera que a médica seja indiciada por homicídio qualificado e não por homicídio culposo. Além disso, ele cobrou uma punição por parte do Cremerj.
"A conduta dela é reprovável pela sociedade. Essa senhora não tem competência, não tem maturidade e não tem equilíbrio emocional para exercer a profissão. Essa médica precisa ser afastada das atividades", cobrou. Os pais do menino Breno chegaram para depor por volta das 15h40.
Na saída da 16ª DP, por volta das 16h20, Haydee falou com a imprensa. "Eu não sou criminosa, não sou pediatra. A criança não corria risco de vida e, por isso, chamei outra ambulância. Fui atender um bebê que não corria risco de vida, que tinha um profissional de saúde em casa. Quando há um código vermelho que fala sobre risco de morte, eu atendo, mesmo não sendo pediatra. A classificação de risco neste caso era baixa. Me foi passado pela técnica que era uma gastroenterite, com neuropatia. Não estou arrependida porque não fiz nada de errado. Estou triste e muito abalada pela criança ter morrido. Não acho que tenha sido responsabilidade minha a morte da criança", disse.
Populares que estavam na porta da delegacia gritaram palavras contra a médica como "assassina" e "está brava a senhora, pega ela". Questionada, a médica respondeu chorando que primeiro se 'acusa e condena e depois se apura'.
A delegada Isabelle Conti comentou o depoimento de Haydee. "Ela trouxe basicamente elementos defensivos das acusações. Ainda não há indícios de homicídio doloso. Ainda há muitas provas a serem produzidas. Segundo narrado, ela não tinha consciência da gravidade da situação. Vamos ouvir novamente a mãe da vítima, que disse ter novos fatos para contar. Vamos ouvir a técnica de enfermagem presente na ambulância, entre outras testemunhas da área de saúde, como também o médico da Unimed que atendeu ao chamado e a médica que constatou o óbito. A médica ficou bastante emocionada e chateada em seu depoimento. Não podemos colocá-la como reincidente. Podemos usar este fato apenas para traçar seu perfil. Caso seja necessário, ela será chamada novamente", esclareceu Isabelle.