Por gabriela.mattos

Rio - O velório de Vanessa Vitória dos Santos, 11 anos, foi marcado por emoção e revolta, nesta quinta-feira, em Inhaúma, Zona Norte do Rio. Parentes e amigos da vítima fizeram um protesto em frente à capela onde o corpo da menina estava sendo velado. Manifestantes também fecham a Linha Amarela no sentido Barra da Tijuca. Por conta do protesto há reflexo na Linha Vermelha e na Avenida Brasil. O enterro ocorreu às 13h, no Cemitério de Inhaúma.

Parentes e amigos protestaram durante enterro de jovem morta no Complexo do LinsEstefan Radovicz / Agência O Dia

A criança foi morta em casa com um tiro na cabeça, na última terça, durante um tiroteio no Complexo do Lins. Segundo Leandro Monteiro de Matos, pai da menina, testemunhas do fato afirmam categoricamente que a criança foi morta por tiros disparados pela PM. Ele diz que a filha não foi "vítima de bala perdida". 

"Não foi bala perdida. No relato das testemunhas, todos dizem que não foi bala perdida. Atiraram da porta da casa e atingiram minha filha. Foi uma execução", defendeu Leandro, que foi liberar o corpo da filha no Instituto Médico Legal (IML) nesta quarta. Durante o protesto, a família levou cartazes com os dizeres: "Fora UPP", "Queremos Vanessa de volta", "Onde está a pacificação?", "Queremos paz". 

A pequena Vanessa chegou morta ao Hospital Salgado FilhoReprodução

Oficial não disparou contra casa onde menina Vanessa foi morta, diz UPP

O tenente Marcos Luiz, subcomandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Camarista Méier, relatou em depoimento não ter feito nenhum disparo contra a casa onde a menina foi atingida. A informação é da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), que divulgou o teor do depoimento do oficial na noite desta quarta.

Segundo o oficial, que portava apenas um fuzil no momento da ação, ele e sua equipe foram alvos de disparos de criminosos que estavam na parta alta da comunidade, mas não revidaram. Ao tentarem localizar os bandidos, o tenente foi alertado por uma moradora sobre uma movimentação suspeita próximo à casa.

Ao tentar entrar na residência, Marcos Luiz foi atingido por três disparos de pistola no colete vindos de dentro da casa. Ao se virar para proteger duas mulheres que estavam do lado de fora, o policial foi atingido por outros dois tiros nas costas, também de pistola, sendo um no ombro e outro também no colete.

O tenente ressaltou que não viu a menina nem o suspeito em nenhum momento do ataque. Ainda segundo ele, as mulheres se identificaram como parentes de Vanessa. Elas seriam Regineide de Souza, a madrinha que socorreu a criança e Maria do Socorro, a avó da menina.

O subcomandante foi socorrido por sua equipe para o Hospital Naval Marcílio Dias. Houve confronto durante o resgate. Em seguida, uma segunda equipe tomou conhecimento de que Vanessa também havia sido atingida.

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