Por gabriela.mattos

Rio - Taxistas realizam uma manifestação, nesta quinta-feira, contra aplicativos de transporte particular, como o Uber e Cabify. Eles reclamam da falta de regulamentação desses serviços na cidade. Os profissionais chegaram na sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova, por volta das 10h e uma hora depois houve um tumulto na região. Os policiais militares dispararam balas de borracha e jogaram spray de pimenta para dispersar a confusão.

Taxistas estacionaram carros no Sambódromo enquanto protestavam na sede da prefeituraEstefan Radovicz / Agência O Dia

De acordo com o comando do 4°BPM (São Cristóvão), o Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE) e do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) foram acionados para reforçar a segurança no local. A PM disse que os manifestantes "portavam morteiros e as equipes policiais tiveram necessidade de fazer uso progressivo de força, com utilização de bombas de efeito moral e gás de pimenta". Não há registros de feridos.

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Por causa do tumulto, o MetrôRio fechou o acesso F da estação Cidade Nova, que fica perto da prefeitura, entre 11h e 11h50. Já os acessos da Leopoldina, Praça da Bandeira, Praça Quinze e Avenida Rio Branco foram parcialmente interditados. A concessionária ressaltou que o serviço do metrô continua funcionando normalmente.

Taxistas fizeram protesto contra aplicativos de transporte particular. Manifestação terminou em confronto em frente à sede da prefeitura%2C na Cidade NovaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

A partir das 6h, os motoristas fizeram carreatas em diversas vias da cidade em direção ao prédio prefeitura. O ato provocou bloqueios no trânsito: segundo o Centro de Operações, até às 10h50, havia 60 km de congestionamento no Rio. Os taxistas estacionaram seus carros no Sambódromo, entre os setores 3 e 9, assim como havia sido autorizado pela Guarda Municipal.

Depois, desceram para protestar em frente à prefeitura. Por volta das 10h, eles faziam o ato nas pistas central e lateral da Avenida Presidente Vargas, no sentido Candelária, altura da sede municipal. O acesso da Praça da Bandeira para a Presidente Vargas precisou ser fechado. Há reflexos no Túnel Rebouças e no Elevado Paulo de Frontin.

Manifestação se dispersou após tumulto na porta da Prefeitura do RioLeitora Janaína Santos

Desde o início da manhã, o Centro de Operações registrou carreatas na Rua Visconde de Niterói, na altura do Morro da Mangueira, Zona Norte do Rio; na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, Zona Oeste; na Estrada do Galeão, na Ilha do Governador; e uma que ocupou duas faixas da Avenida Atlântica, na orla da Praia de Copacabana. Os manifestantes também ocuparam duas faixas da Avenida Francisco Bicalho, na altura do Instituto Médico Legal (IML), sentido Avenida Presidente Vargas.

O ato causou reflexos no trânsito em diversos pontos da cidade nesta manhã. Por volta das 7h30, havia retenções na Via Binário, perto da Cidade do Samba; na Avenida Brasil, em direção ao Centro; no Viaduto do Gasômetro; na Linha Vermelha, desde o Parque das Missões até o Fundão; e na Avenida das Américas. O Centro de Operações pede para os cariocas preferirem o transporte público. Na tarde desta quinta-feira, o prefeito Marcelo Crivella dará uma entrevista coletiva sobre o ato dos taxistas.

Taxistas fizeram protesto contra aplicativos de transporte particular. Manifestação terminou em confronto em frente à sede da prefeitura%2C na Cidade NovaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

Mais cedo, os manifestantes fizeram uma barricada com pneus queimados no Aterro do Flamengo, perto do Aeroporto Santos Dumont. De acordo com relatos, alguns taxistas obrigaram os passageiros a desembarcarem na descida do Viaduto de Del Castilho, Zona Norte.

Em nota, a Cabify informou que apoia uma regulamentação que permita uma "competição saudável do setor e garanta a segurança jurídica para que haja harmonia entre o transporte individual de passageiros e o sistema público de táxis já existentes". A empresa ressaltou que considera que a regulamentação do serviço privado deve ser discutida entre o poder municipal, "assim como já acontece com o serviço público, sendo a legislação federal apenas autorizativa".

"A Cabify está aberta a discutir o assunto, pois acredita que desconsiderar a importância dos aplicativos de mobilidade urbana é regredir e ignorar a contribuição que a tecnologia traz à economia do país", completou.

Taxistas estacionaram carros no SambódromoEstefan Radovicz / Agência O Dia

A 99 Táxis, que também oferece serviço de transporte particular, disse que respeira o direito de liberdade de expressão e manifestação dentro dos limites da lei e da ordem pública. A empresa reforçou que defende "regulamentações no âmbito municipal que equilibrem o mecado, prezem pelo bem-estar dos passageiros e motoristas e tragam soluções para a mobilidade urbana". 

A Uber aproveitou para oferecer 30% de desconto em viagens iniciadas e finalizadas nas áreas das principais conexões de transporte público, até às 20h desta quinta-feira. Segundo a empresa, o desconto está limitado a R$ 15. 

Já a Easy (antiga Easy Taxi) também enfatizou que apoia a liberdade de expressão e o direito à manifestação. "[A empresa] reforça que somente apoia movimentos pacíficos, repudiando qualquer uso de violência como forma de protesto. Entendemos ainda que há outras maneiras legais de se manifestar, pois uma paralisação deste porte pode afetar diretamente os cidadãos e o tráfego da cidade", acrescentou.

A empresa afirmou ainda que é a favor da tecnologia "em prol da melhoria da qualidade de vida das pessoas, assim como de uma regulamentação inteligente e inovadora para o táxi, participando da evolução deste mercado e se coloca sempre a disposição para participar e contribuir neste diálogo".

Crivella se reuniu com taxistas nesta quarta-feira

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, recebeu na manhã desta quarta-feira, na sede da Prefeitura, um grupo de 10 taxistas para ouvir as reivindicações da categoria. O presidente da Câmara de Vereadores, Jorge Felippe, acompanhou o encontro. Crivella disse que vai analisar as propostas, mas que algumas já foram atendidas pela Prefeitura, como  ampliar de seis para oito anos o tempo de vida útil dos táxis e também o aplicativo 'taxi.rio'.

Taxistas fizeram protesto contra aplicativos de transporte particular. Manifestação terminou em confronto em frente à sede da prefeitura%2C na Cidade NovaFoto%3A Severino Silva / Agência O Dia

No encontro com os taxistas, Crivella lembrou que a Prefeitura liberou o uso pelos “amarelinhos” do corredor exclusivo do BRT em direção ao Aeroporto Internacional Tom Jobim. Disse ainda que há um estudo para se criar novas vagas de estacionamento para táxis em pontos turísticos como Quinta da Boa Vista, Pão de Açúcar e Cristo Redentor. Sobre a possível regulamentação do serviço de carro particular para transporte remunerado, o prefeito informou que já começou a negociar com todas as partes envolvidas.

"Estamos fazendo audiências públicas, estamos chamando o pessoal dos aplicativos (99, Uber, Easy) e estamos falando também com os taxistas. A ideia é que esses aplicativos funcionando regularizados e pagando os impostos, para que esses impostos possam servir para melhorar as condições dos táxis no Rio de Janeiro. É muito importante que possamos lembrar de uma coisa: para a população é preciso que o táxi continue, porque se o táxi acabar os (serviços dos) aplicativos vão ficar caríssimos. Então é preciso manter a concorrência para que as regras do mercado estabeleçam bons preços", disse o prefeito.

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