Por gabriela.mattos

Rio - A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira, dois mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados ao ex-secretário municipal e ex-deputado Rodrigo Bethlem. A ação é um desdobramento da Operação Ponto Final, da Lava Jato no Rio. Por volta das 5h, os agentes chegaram ao condomínio Península, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O ex-secretário do governo do ex-prefeito Eduardo Paes foi encontrado em casa e intimado a dar depoimento. Ele chegou na sede da Polícia Federal, na Zona Portuária do Rio, por volta das 10h, apesar de não ter sido obrigado a depor..

Rodrigo Bethlem foi à sede da Polícia Federal%2C apesar de não ter sido obrigado a deporEstefan Radovicz / Agência O Dia

O Ministério Público Federal (MPF) apura mensagens encontradas em celulares de presos na operação, que investiga desvios no setor de transportes. De acordo com o órgão, as mensagens, enviadas entre janeiro e dezembro do ano passado, mostram que Bethlem seria intermediário de um esquema criminoso ligado à prefeitura. O ex-secretário teria afirmado que o esquema continuaria na gestão do atual prefeito, Marcelo Crivella.

No entanto, segundo o MPF, não há indícios de envolvimento direto de Paes e Crivella. Em nota, a prefeitura repudiou as "insinuações de qualquer possibilidade de escândalos no setor de transporte do governo anterior ter continuado na atual gestão". "No mês passado, a prefeitura conseguiu impedir novamente o aumento da tarifa de ônibus urbanos do município, contrariando a reivindicação dos empresários e até decisão de primeira instância da justiça. A gestão municipal, sempre à disposição das autoridades, é pautada pela transparência e respeito às leis", completou, em nota.

No dia 28 de dezembro de 2016, Bethlem disse ao presidente da Fetranspor Lélis Teixeira "tranquilizar a turma". Segundo o MPF, as mensagens contêm indícios de acordos ilícitos. No mês passado, a primeira fase da Operação Ponto Final prendeu o empresário Jacob Barata Filho enquanto ele tentava embarcar para Lisboa, em Portugal, no Aeroporto Internacional Tom Jobim.

Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão contra ex-secretário Rodrigo BethlemReprodução TV Globo

Justiça bloqueia R$ 86 milhões de Rodrigo Bethlem e de mais nove acusados

A 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio decretou, em junho, a indisponibilidade dos bens e bloqueio de cerca de R$ 86 milhões do ex-secretário municipal de Assistência Social do Rio e ex-deputado federal Rodrigo Bethlem e de mais nove acusados por improbidade administrativa e irregularidades envolvendo possível desvio de recursos públicos para as ONGs Casa Espírita Tesloo e Central de Oportunidades.

As investigações resultaram em duas ações propostas pelo MP. Na primeira ação, os acusados tiveram os bens bloqueados no valor de R$ 60 milhões. Na segunda, a juíza Mirela Erbisti determinou o bloqueio de R$ 26.392.131,92.

A magistrada também determinou a quebra dos sigilos bancários e fiscais e das faturas de cartões de crédito de titularidade e/ou responsabilidade dos dez acusados, entre o período de 2009 a 2014.

Além de Bethlem, também respondem pelas irregularidades Luiz Medeiros Gomes (ex-assessor de Rodrigo), Goethe dos Santos Maya Vianna, Álvaro Basílio Neiva, Welington de Araújo Dias, Carmelo de Luca Neto, José Mantuano de Luca Filho, e ainda, a ONG Central de Oportunidades, Associação dos Condutores de Transporte Alternativo (Coop-Rio) e Comercial Milano Brasil.

Em nota, a Milano esclareceu que todos os contratos firmados com a Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio "foram efetivados por instrumentos regulares contratuais, dentro de valores de mercado e seguiram todos os trâmites legais. A empresa nega ter feito qualquer pagamento ao ex-secretário e está se defendendo na Justiça contra as acusações feitas pelo Ministério Público Estadual".


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