Rio - A Secretaria de Segurança anunciou nesta terça-feira que os 3 mil policiais administrativos das 39 Unidades de Polícia Pacificadora irão patrulhar as ruas das áreas mais violentas da cidade. O DIA apurou, no entanto, que 630 agentes desse efetivo estão de Licença para Tratamento de Saúde (LTS), afastados do trabalho, um problema que está sendo debatido pela cúpula da corporação. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, isso não deverá afetar o reforço programado. “Nos próximos 30 dias iremos avaliar todos os casos. Vamos ter o efetivo anunciado levando mais segurança para as ruas”, disse.
Essa é a segunda grande reformulação no projeto de pacificação das comunidades do Rio. A primeira ocorreu em 2014, quando recrutas que atuavam em áreas com UPPs passaram a receber cursos de reciclagem para os combates que haviam se tornado cada vez mais frequentes nas áreas antes ditas pacificadas.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Roberto Sá, não haverá retirada das unidades das comunidades. “Todas as UPPs serão mantidas na sua essência. Digo pra cada morador que acreditou: vamos continuar presentes, cumprindo o nosso serviço”.
Segundo Dias, o policiamento nas comunidades não irá sofrer alteração. “A atividade fim não terá prejuízo. Não haverá mudança no efetivo considerado essencial. Haverá a transferência de três mil homens para atividades operacionais, representa 33,3% do efetivo. O importante é que vamos colocar mais três mil policiais em áreas que estavam necessitando de policiamento”.
Outra mudança é a autonomia das UPPs, que antes possuía diretrizes próprias. Agora, o projeto será subordinado ao comando-geral da PM. O comando das unidades, antes localizado próximo ao Complexo do Alemão, irá para o Quartel-General. No prédio será criado o Batalhão de Polícia Pacificadora (BPP). As outras UPPs passam a ser subordinadas aos batalhões de cada área – e não mais à CPP.
Os policiais realocados serão usados no patrulhamento da capital (1,1 mil policias); Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (550 PMs); Baixada (900); Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (150) e Batalhão de Policiamento de Vias Expressas (300). A redistribuição será feita em até 30 dias, segundo o comandante da PM.
O estudo é resultado de reuniões de uma comissão criada pelo secretário Roberto Sá para avaliar o programa de pacificação.
Unidades perderam um terço do território para bandidos, diz estudo
O secretário de Segurança, Roberto Sá, afirmou que o Batalhão de Polícia Pacificadora irá atender as regiões da Penha e Alemão, por serem áreas com dificuldades no enfrentamento ao crime.
Como O DIA revelou na última quinta-feira, a polícia não consegue atuar em quase um terço do total do território que deveria ser ocupado pelas Unidades de Polícia Pacificadora implantadas, segundo estudo coordenado pelo ISP. A UPP mais comprometida é a Nova Brasília, no Complexo do Alemão, na qual a mobilidade dos policiais só é possível em apenas 24% da área da unidade. Há risco de confronto com traficantes caso passem do perímetro de segurança.
Três UPPs lideram o ranking com maior área perdida para o crime: além da Nova Brasília, a vizinha Parque Proletário (Penha), e São Carlos, no Centro. Todas têm mais de 70% da área comprometida. Somente cinco das 39 unidades tinham, no primeiro trimestre desse ano, total locomoção dos agentes pelas ruas sem o risco iminente de confrontos. Eram elas: Dona Marta, Vidigal, Babilônia, Cerro-Corá e Barreira do Vasco. Na UPP Batan, três grandes regiões são controladas por milicianos que enfrentam os policiais.
Relatórios de confrontos indicam que, nos últimos três meses, 90% das UPPs apresentaram tiroteios. Mais da metade (56%) das bases onde ficam os policiais foram alvos de tiros. No total, 64% das unidades tiveram algum agente com ferimentos — provocados por tiros ou por pedradas, por exemplo.
Com o estagiário Matheus Ambrósio, sob supervisão da repórter Bruna Fantti