Rio - Prestaram depoimentos nesta quinta-feira ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro, responsável por inquéritos da Operação Lava Jato no estado, três ex-funcionários de Sérgio Cabral e de outros denunciados. Eles falaram sobre, aparentemente sem prestação de serviços, à Survey Mar e Serviços Ltda e o uso de seus nomes como “laranja” na propriedade de empresas.
O inquérito investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada para dar aparência de legalidade a dinheiro de propina. Os acusados são o ex-governador Sérgio Cabral, o dono da FW Engenharia, Flávio Werneck; o contador da FW, Alberto Conde; a ex-mulher de Sérgio Cabral, Susana Neves; o irmão do ex-governador, Maurício Cabral; e Carlos Miranda, um dos envolvidos, que não ocupava cargo no governo. A denúncia se refere ao uso da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, ligada a Flávio Werneck, para dar aparência lícita ao pagamento em propina.
O ex-sócio da Survey, Paulo Rezende da Silva, disse que entrou como sócio da empresa a pedido de Alberto Conde por ser, na época, casado com a neta dele, com quem tem uma filha. Porém, Silva negou qualquer participação nos esquemas e informou que nunca fez nenhuma movimentação ou autorização financeira ou tratou de serviços ligados à empresa.
Segundo Silva, o endereço que consta como sede da Survey, em Guapimirim, na verdade é um sítio da família Conde, que chegou a frequentar em ocasiões de festas ou fins de semana, sem nenhuma atividade empresarial.
Já a ex-secretária pessoal de Cabral, Sonia Ferreira Baptista, disse que trabalhou para o ex-governador com cargo comissionado, na época em que Cabral foi parlamentar, mas desde que ele deixou o Senado, passou a ser secretária particular e cuidava dos assuntos domésticos dele. Ela afirmou que se reportava a Carlos Miranda, que ordenava os pagamentos necessários, inclusive para a ex-esposa de Cabral.
“Eu me reportava ao senhor Carlos Miranda, ficava em um escritório, e tudo que eu precisava que fosse pago, passava pra ele e ele mandava pagar. Ttratava de despesas pessoais da Suzana, geria às vezes pagamento de funcionários da Araras [empresa de consultoria de Suzana], seguro dos carros, IPVA. Quando quebrava um carro, eu cuidava de pagar a franquia do seguro. Eu entregava dinheiro a ela e ela pagava, dinheiro que eu pegava com o Carlos Miranda”.
Segundo a ex-secretária, Miranda solicitava eventualmente a emissão de notas fiscais em nome da empresa Araras Empreendimentos, de Suzana, para ser paga pela FW. Sonia disse que entrou como sócia da empresa LRG, de propriedade de Miranda, a pedido dele, mas que nunca foi informada ou autorizou qualquer movimentação em nome da empresa.
A ex-secretária da FW, Nádia Lubi Martins de Oliveira, disse que pegava notas fiscais em nome da Survey no escritório de contabilidade de Conde, a mando de Flávio Werneck, e ordenava os pagamentos. Ela confirmou que tinha contato telefônico com Sonia, que cobrava pagamentos em atraso das notas da Araras.
Os três prestaram depoimento na condição de testemunha.