Rio - Profissionais terceirizados da rede municipal de saúde voltaram a protestar contra o atraso dos salários e as más condições de trabalho. Desta vez, foram os funcionários da Organização Social Viva Rio que realizaram manifestação, na manhã de ontem, em frente à Clínica da Família Aloysio Augusto Novis e ao Centro de Saúde São Godofredo, ambos na Penha. Os trabalhadores acusaram a OS de não honrar os salários desde agosto e de promover demissões.
Procurada, a Viva Rio não se pronunciou, alegando cláusula de confidencialidade no contrato firmado com a prefeitura. O Sindicato dos Médicos já anunciou uma greve para quinta-feira. Segundo a entidade, os cerca de 1.200 médicos que trabalham nas 227 unidades de saúde da prefeitura estão trabalhando em condições degradantes, com atrasos de pagamentos, assédio moral e falta de insumos básicos para atender a população.
A crise na saúde se intensificou a partir de agosto, quando começaram os atrasos no repasse de verbas para as OSs que administram as unidades municipais. Alegando falta de dinheiro, as organizações suspenderam o pagamento de salários e a compra de insumos, causando desabastecimento na rede, a ponto de zerar o estoque de 118 de um total de 175 itens da lista medicamentos da Atenção Básica.
Entretanto, uma Lei aprovada pela Câmara dos Vereadores vai retirar das OSs a responsabilidade pela compra de material médico hospitalar para as unidades de saúde. Ontem, a prefeitura depositou R$ 91,4 milhões nas contas das nove OSs, entre elas a Viva Rio, e o prefeito Marcelo Crivella prometeu liberar mais dinheiro. "A Saúde, Educação e os salários são prioridade do nosso governo. Estamos encontrando mais R$ 100 milhões com o remanejamento de rubricas para alocar na Saúde nessa próxima semana", disse.
Em entrevista ao DIA, o secretário municipal de Saúde, Marco Antonio de Mattos, afirmou que a pasta precisa de R$ 600 milhões até o fim do ano para manter o sistema funcionando. Mattos atribuiu a crise à queda de arrecadação do município (de R$ 29 bilhões previstos para cerca de R$ 25 bilhões), o aumento da demanda devido ao caos na rede estadual e às dívidas que não foram quitadas pelo ex-prefeito Eduardo Paes, que ultrapassam os R$ 650 milhões.