Rio - A Polícia Civil iniciou, na tarde desta terça-feira, uma investigação para apurar quais foram os crimes cometidos pela empresa de turismo Transport Rent Service Agency, que não teria avisado aos turistas espanhóis dos riscos que corriam na visita à Favela da Rocinha. De acordo com a delegada Valéria Aragão, titular da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), um dos crimes cometidos seria o descrito no artigo 66 do código do consumidor, que é 'fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços'.
"Os próprios turistas sobreviventes falaram: 'doutora, se nós soubéssemos que a Rocinha estava daquele jeito, nós jamais teríamos ido'. Isso para mim, além da responsabilidade em não informar o tipo de segurança do serviço, já caracteriza uma omissão", disse a delegada, que não descartou a possibilidade de responsabilizar a empresa por outros crimes mais graves."A investigação teve início a partir dos depoimentos da guia, do motorista, e dos donos da empresa.
Ainda de acordo com a investigadora, a guia turística não tinha um consultor de segurança. "Ela faz uma consulta informal com uma pessoa residente na Rocinha, que informa a situação da localidade. Essa pessoa, que seria um guia local, teria dito que a situação estava tensa e, mesmo assim, ela optou em ir. E ela mesmo assim escolheu a favela e tomou a decisão de ir. Esse guia local e essa guia não têm formação para serem consultores de segurança e decidir sobre a segurança de turistas estrangeiros", completou.
Guia turístico da Rocinha desmente guia da empresa
Em depoimento realizado na noite desta terça-feira na Deat, o guia Leonardo Soares Leopoldino, residente na Rocinha, disse que avisou à empresa "que era absolutamente desaconselhável ir à favela na manhã de segunda-feira". A declaração entra em conflito com a versão apresentada pela guia da empresa Transport Rent Service Agency Gestora de Negócios Ltda.
Ontem, em outro depoimento, a guia da empresa afirmou que o outro guia disse "que a situação estava tensa, mas o passeio era possivel". O guia da Rocinha ainda disse que desaconselhou o passeio por pensar nas vidas dos visitantes. " Não enxergo os turistas como notas de dólares”, disse, em depoimento.