Rio - Em depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DH), o soldado Luís Eduardo de Noronha Rangel afirmou que escutou pelo rádio da Polícia Militar que um carro de cor escura teria fugido de outra viatura em "atitude suspeita". O PM é suspeito de envolvimento na morte da turista espanhola Maria Esperanza Jimenez, 67 anos, na Rocinha, nesta segunda-feira. Ele e o tenente Davi dos Santos Ribeiro foram presos em flagrante.
A idosa foi morta enquanto fazia um passeio na Rocinha. Ela estava acompanhada do irmão, da cunhada, de uma guia e do motorista da companhia turística. Na manhã desta terça-feira, a DH pediu a prisão preventiva de Ribeiro, que teria disparado o tiro contra Maria Esperanza. Já Rangel atirou para o alto.
Os dois PMs passaram a madrugada prestando depoimento na DH, na Barra da Tijuca. Segundo o RJTV, o tenente permeneceu calado e o soldado deu detalhes sobre o crime. Rangel responderá apenas pelo crime militar de disparo de arma de fogo. Ele contou que havia uma operação do Batalhão de Choque na favela e que ele, o tenente Ribeiro e outro tenente estavam na ação.
Houve confronto e dois policiais militares foram baleados durante tiroteio na comunidade. Depois da denúncia sobre o carro, os policiais foram até o Largo do Boiadeiro, onde ficaram abrigados aguardando o veículo.
Eles teriam dado ordem de parada, mas o motorista não teria obedecido. Em depoimento, divulgado pelo RJTV, o soldado destacou que o veículo tinha os vidros escuros e levantados, não sendo possível ver os ocupantes. Rangel afirmou que ele e Ribeiro atiraram de fuzil para o alto e que, logo depois, ouviu mais dois disparos. No entanto, ele afirmou que não sabe dizer de onde partiram os tiros.
O tenente Diego Marques Scofano, que também estava na ação, prestou depoimento. Segundo a polícia, ele é uma testemunha do caso. Ele contou aos agentes que foi até o Hospital Miguel Couto saber notícias dos dois colegas baleados mais cedo. Scofano lembrou ainda que, ao voltar para a Rocinha, parou na base da polícia, na entrada da favela, e conversou com PMs. Ele também teria ouvido no rádio que um carro "de cor prata tinha furado um bloqueio no mesmo lugar onde os PMs tinham levado tiros".
Scofano confirmou que o veículo estaria indo em direção ao Largo do Boiadeiro e que ele, Noronha e Ribeiro foram para o local. Ribeiro teria dado uma ordem de parada. Scofano contou ainda que apontou um fuzil em direção ao carro, mas não atirou.
Em nota, o Grupo Rio Carioca Tour lamentou a morte a turista. "A empresa é uma agência de turismo legalizada e conta com guias credenciados. O grupo de Maria Esperanza era acompanhado por uma guia credenciada acostumada a fazer tours pela Rocinha, um roteiro muito procurado por turistas do mundo todo", explicou.
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Leia a íntegra da nota
O Grupo Rio Carioca Tour lamenta a morte da turista Maria Esperanza Ruiz. A empresa é uma agência de turismo legalizada e conta com guias credenciados. O grupo de Maria Esperanza era acompanhado por uma guia credenciada acostumada a fazer tours pela Rocinha, um roteiro muito procurado por turistas do mundo todo.
A agência não recebeu qualquer informação da Polícia nesta segunda-feira sobre confrontos ou problemas na comunidade.
A turista espanhola terminava um tour na favela da Rocinha quando foi baleada num trecho da comunidade onde há uma ONG e escola de samba. Em depoimento à polícia, o motorista do carro onde estava a turista contou que havia deixado Maria Esperanza com o grupo e a guia, na Estrada da Gávea, de onde partiram para um passeio a pé pela favela. O combinado seria buscar o grupo na Auto-estrada Lagoa-Barra, mas, em função da chuva forte, a guia solicitou que o motorista buscasse o grupo dentro da Rocinha.
No caminho, cerca de 50 metros antes do Largo dos Boiadeiros, o motorista, um italiano residente no Brasil, foi parado por um grupo de policiais e teve o carro revistado. Já no Largo, buscou o grupo de turistas e seguiu em direção à saída da favela. Neste curto trajeto, ouviu três tiros, sendo um mais forte e, achando que se tratava de um tiroteio, acelerou para sair da Rocinha. Na chegada à Auto-estrada, foi parado por um outro grupo de PMs, que mandou os passageiros descerem do carro. Foi neste momento que perceberam que Maria Esperanza havia sido baleada.
A agência esclarece que, a respeito do gesto do motorista na delegacia [ele fez o 'V' da vitória], o profissional agiu sob forte emoção.
A empresa reitera que todo trabalho da agência é conduzido com responsabilidade, visando o bem-estar de seus passageiros. O Grupo Rio Carioca Tour e seus colaboradores estão à disposição da polícia para prestar quaisquer esclarecimentos e espera que o caso seja elucidado o mais brevemente possível. A empresa também está à disposição para apoiar a família da passageira no que for necessário.