Rio - A morte de Maria Esperanza na Rocinha já faz o governo estadual pensar no controle de acesso de turistas a favelas dominadas por criminosos, onde rotineiramente há trocas de tiros. Ontem, o governador Luiz Fernando Pezão, ao lamentar o caso, admitiu que sua equipe estuda formas de restringir a entrada de agências de turismo nessas comunidades.
"Especialistas estão vendo isso nesse momento, se a gente controla um pouco", afirmou. No caso da Rocinha, Pezão ressaltou o território conflagrado. "Sabemos que existe uma guerra de facções ali muito forte e não é à toa que estamos lá há mais de 30 dias com Bope e Choque".
Hoje, a vereadora Teresa Bergher (PSDB) dará entrada em projeto de lei na Câmara para 'estabelecer requisitos especiais' para o exercício da atividade turística. No texto, há exigência prévia de advertência aos clientes sobre acessibilidade e segurança pública do local a ser visitado; contratação de seguro, conforme a Lei Federal 12.974/2014 e envio de lista de turistas, roteiros e horários de passeios às delegacias locais. O não cumprimento resultará em multa de R$ 10 mil.
"O poder público não pode ficar de braços cruzados diante da exploração da miséria nas favelas e da colocação da vida de terceiros em risco pelas agências de turismo", disse Teresa.
Representantes de agências, do chamado 'favela tour', não se manifestaram ainda, mas quem vive do turismo nas comunidades, protestou. "Os políticos e autoridades têm que se preocupar em dar segurança e garantia de ir e vir aos moradores e turistas, e não interferir negativamente no setor que gera emprego e renda", opinou Eduardo Figueiredo, que investiu R$ 200 mil num dos cinco hostels da Favela Babilônia, no Leme, com reservas contratadas já para o fim do ano. O turismo em favelas movimenta, em média, R$ 12 bilhões por ano.