Rio - Rio - O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, questionou judicialmente o ministro da Justiça, Torquato Jardim, sobre as acusações feitas por ele contra a segurança pública do estado. O Procurador Geral do Estado, Leonardo Espíndola, já enviou o documento, ao qual O DIA teve acesso, para a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal.
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Em declarações ao UOL, ratificadas em outra reportagem em O Globo, Torquato afirmou que os comandantes de batalhões são sócios do crime organizado e que o governo do Estado e o secretário de Segurança não controlavam a Polícia Militar. Além disso, o ministro disse que o assassinato do coronel Luiz Gustavo Teixeira, morto em um assalto na semana passada, teria sido, na verdade, um "acerto de contas".
Na interpelação judicial, assinada por Espíndola e os subprocuradores Cláudio Marques e Fernando Martins, o Governo diz que "na qualidade de Ministro de Estado, ao fazer as acusações que vociferou, a ele incumbe, sob pena de, em tese, cometer o crime de prevaricação, comprovar (inclusive perante as autoridades competentes) os fatos". Em outro trecho, diz que a atitude do ministro é "incomum" e "por demais grave".
O governo disse que a ação pretende "esclarecer as acusações feitas pelo Interpelado para, num segundo momento, adotar as medidas cíveis e penais cabíveis".
Reunião no Palácio Guanabara
A decisão da interpelação ocorreu em reunião no Palácio Guanabara entre o governador, 35 coronéis da Polícia Militar, inclusive o comandante-geral da PM, coronel Wolney Dias. O secretário de Segurança, Roberto Sá e o vice-governador, Francisco Dornelles, também participaram do encontro, que durou 2 horas e 30 minutos
Os coronéis falaram sobre a indignação com as declarações do ministro. Após a reunião, Sá e o coronel Dias fizeram um pronunciamento. "O governador manifestou sua solidariedade à cúpula da Segurança Pública e a cada integrante da Polícia Militar", disse o secretário.
Em entrevista ao jornal O Globo, Torquato disse que "é muito curioso que o Roberto Sá (secretário de Segurança) não tenha encontrado entre os oficias da ativa um comandante-geral da PM. E foi buscar o coronel Dias que já estava aposentado".
O secretário respondeu: "Conheço o coronel [Wolney] Dias há 34 anos, tem uma carreira ilibada e está totalmente alinhado com minhas diretrizes", afirmou o secretário sobre o oficial escolhido pelo governador para ser comandante-geral da PM.
"Isso não quer dizer que não há oficiais da ativa aptos para assumir o comando [da PM], apenas considerei que, para o momento que vivemos, o nome do coronel Dias era o melhor".
Antes de ser delegado da Polícia Federal, Roberto Sá foi oficial da Polícia Militar. Ele entrou na academia em 1983 e Wolney Dias é da sua turma de formação de oficiais da corporação.