Rio - Quatro empresas de ônibus que circulam na Zona Norte fazem paralisação, nesta terça-feira. Entre as viações está a Nossa Senhora de Lourdes, que já havia parado as atividades nesta segunda. Os motoristas reclamam do parcelamento em quatro vezes do 13º salário e pedem o pagamento integral do valor.
À noite, a Rio Ônibus informou que os funcionários haviam entrado em um acordo com a empresa, mas, nesta manhã, alguns rodoviários impediam a saída de veículos da garagem, na Penha.
As viações Rubanil, Madureira Candelária e Américas também suspenderam as atividades. Os funcionários pedem o pagamento dos salários, 13º, férias, vale-refeição e cesta básica, que estão atrasados há quatro meses. Eles afirmaram que só voltarão a trabalhar após as empresas quitarem todas as dívidas trabalhistas.
Representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores do Rio de Janeiro (Sintraturb) estão nas garagens das empresas para tentar negociar as reivindicações. "Estamos aqui para auxiliar os trabalhadores, já que eles estão buscando seus direitos. Se o empresário chegar aqui e cumprir as obrigações, pode ter certeza de que os funcionários vão retornar ao trabalho. Essas linhas são rentáveis, não existe essa de não ter dinheiro para pagar os profissionais", disse Claudinei de Souza, do Sintraturb.
A Rubanil tem apenas a linha 350 (Irajá x Passeio) e 350 funcionários. No dia 26 de outubro, o volante de um ônibus desta mesma linha quebrou e se soltou na mão do motorista, na Rua Augusto Severo, na Glória.
Assim como a Rubanil, a Américas também só possui uma linha de ônibus, que é a 665 (Pavuna x Saens Peña). A empresa reúne 300 profissionais, sendo 200 motoristas que entraram em greve. Já a Madureira Candelária tem as linhas 355 (Madureira x Praça Tiradentes), 349 (Rocha Miranda x Castelo) e 928 (Marechal Hermes).
"Impossível trabalhar nessas condições. Além de estarmos trabalhando precariamente, estamos colocando as nossas vidas em risco. Se acontecer qualquer coisa no ônibus, a responsabilidade será nossa. Temos condições de usar um ônibus desse?", afirmou o motorista Adriano Henrique Araujo, de 44 anos. Ele está há dez anos na Rubanil.
O motorista Edmilson Oliveira, de 58 anos, disse que acumulou dívidas por causa do atraso dos pagamentos. "Estou com todos os meus compromissos atrasados. Devo agiota, aluguel e até a escola da minha filha de nove anos. Não tenho como pagar as contas. Trabalhamos para receber. Não tenho dinheiro nem para comprar o meu cigarro. Como podemos trabalhar quatro meses de graça?", lamentou o profissional, que trabalha como motorista de ônibus desde os 18 anos.
A Rio Ônibus informou que 13 coletivos da Viação Nossa Senhora de Lourdes estão nas ruas e outros 133 estão prontos para entrar em operação. O órgão reforçou que a empresa e os funcionários chegaram a um acordo sobre o pagamento do 13º.
"O Consórcio Internorte está notificando a Prefeitura e a Secretaria Municipal de Transportes para que acionem a Guarda Municipal, uma vez que a maioria dos rodoviários quer voltar ao trabalho imediatamente mas está sendo impedida por uma minoria que não concorda com o acordo", disse, em nota. Segundo a Rio Ônibus, a Rubanil, América e Madureira Candelária estão em negociação com os rodoviários.
O DIA esteve na porta das viações Rubanil, Candelária e Américas no bairro de Irajá, na Zona Norte. No local, um homem, que se identificou como fiscal das três empresas, chegou a intimidar a equipe de reportagem perguntando "o que queríamos ali e que ele não tinha nada a falar com a imprensa". Questionado sobre a paralisação, o homem debochou e disse que não iria "perder o tempo dele com jornalista e que era para o jornal O DIA procurar o consórcio se quissesse mais informações".
Situação normalizada à noite
A Viação Nossa Senhora de Lourdes informou, na noite desta terça, que a operação de seus ônibus foi normalizada à tarde. Nas empresas Rubanil, América e Madureira Candelária, alguns rodoviários já retornaram às atividades após negociações. A expectativa das empresas é que a operação se normalize a partir de amanhã.