Por thiago.antunes

Rio - Todos os dias, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) recolhe entre nove e 10 mil toneladas de resíduos na Cidade do Rio. Apesar de 40% do lixo domiciliar produzido ser reciclável (papel, plástico, vidro e metais, como o alumínio), apenas 7% (algo em torno de 280 toneladas) são, de fato, reaproveitados. Isso corresponde a cerca de 3% de todo o lixo produzido. É pouco. E o presidente da Comlurb, Rubens Teixeira quer modificar essa realidade.

'Prestamos muitos serviços, mas não podemos ter um ''personal gari''', disse Rubens Teixeira, presidente da ComlurbDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Em entrevista ao DIA, ele afirmou que pretende incrementar a separação dos resíduos que possam ser reaproveitados e espera contar com a colaboração do cidadão. "Também vamos chamar os catadores, queremos ouvir essa categoria e criar mecanismos para viabilizar esse processo de forma mais fluida", garantiu Teixeira. Segundo ele, "os catadores precisam dessa renda. Alguns são até mesmo moradores de rua. Esse lixo é o trabalho deles, um ato tão simples quanto separar os resíduos recicláveis dos orgânicos já ajuda a dar mais qualidade de vida a esses trabalhadores. Além de tudo, gera um impacto positivo para o meio-ambiente", disse. Além do reciclável, Teixeira também quer aumentar seus programas para o reaproveitamento dos resíduos orgânicos, produzindo gás e energia a partir da compostagem.

Teixeira admite que há uma redução no número de papeleiras lixeiras laranjinhas ou marrons afixadas em postes. Explica que estão em falta, mas responsabiliza atos de vandalismo. "Já tivemos mais de 60 mil, hoje são cerca de 50 mil. São perdidas principalmente por conta da depredação: são quebradas, incendiadas e até mesmo roubadas para a venda do plástico. O grande problema é comportamental". Ele assegurou que as papeleiras serão repostas, especialmente nos locais de maior circulação. "Mas precisamos que as pessoas se conscientizem. Mesmo sem a lixeira, é importante não jogar lixo no chão. Nós prestamos muitos serviços, mas não podemos ter nem 'personal gari' nem 'coleta em tempo real'", brincou.

O presidente ressaltou que o orçamento da Comlurb é deficitário e que foi orientado a otimizar os gastos. "Vamos fazer isso sem reduzir serviços, queremos manter as operações, mas, com menos custos". A Comlurb é a maior empresa de limpeza pública da América Latina.

O gari carioca é admirado

Com relação aos garis, Rubens Teixeira é só elogios: "As pessoas reconhecem e admiram essa figura. As pessoas chamam o gari de lixeiro, mas lixeiro é quem joga lixo na rua. Gari entende é de limpeza", ressaltou. Segundo ele, os trabalhadores têm alta rotatividade na empresa, tanto por se especializarem em outras áreas e mudarem de emprego, quanto pelos muitos profissionais antigos na casa que se aposentam.

Teixeira garantiu que a área de Recursos Humanos da Comlurb vai estudar possibilidades de valorizar, ainda mais, os garis. "Os trabalhadores vão ser incentivados a estudar. Desde que esteja preparado, um gari pode galgar cargos de confiança e até mesmo, por que não?, se tornar presidente da Comlurb, como eu agora, algum dia". Para ser gari é exigido, pelo menos o 5º ano do ensino fundamental. O salário inicial é R$2,4 mil para uma jornada de 44 horas semanais.

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