Por rodrigo.sampaio
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) realizam na manhã desta segunda-feira a 2ª fase da "Operação Limpidus", que tem como alvo dirigentes de clubes do Rio, empresas de vendas de ingresso e líderes de torcida organizada. O objetivo é desmantelar um esquema de repasse de ingressos por parte dos quatro grandes clubes do Rio para organizadas — algumas banidas dos estádios —  e a revenda através de cambistas. São nove mandados de prisão a serem cumpridos e até o momento sete pessoas foram presas. Outros cinco foram cumpridos contra alvos já presos. 
Entre os presos de hoje estão: o assessor de imprensa da presidência do Fluminense, Artur Mahmoud; o gerente de Arenas do Fluminense, Filipe Ferreira Dias; o coordenador da Imply, responsável pela confecção de ingressos, Leandro Schilling; funcionários da empresa, Monique Patrício dos Santos Gomes e Vinícius Carvalho; o presidente da Torcida Organizada Raça Rubro-Negra, Alesson Galvão de Souza; e um funcionário da Tesouraria do Flamengo, Claudio Tavares de Lima.
Artur Mahmoud%2C assessor da presidência do Fluminense%2C foi preso no desdobramento da operação LimpidusReprodução TV Globo

Outros cinco mandados de prisão preventiva foram expedidos contra alvos da primeira etapa da operação que estavam presos temporariamente. O promotor Marcos Kac, do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest), não descarta o envolvimento de presidentes de clubes no esquema criminoso. 

"Ainda não temos informações de presidentes de clube envolvidos, mas há grande possibilidade de presidentes e vices estarem envolvidos nisso. Vamos investigar", disse, ressaltando que a próxima fase da operação vai focar nos mandatários dos clubes.

"A investigação continua e todos os citados poderão ser chamados para prestar depoimento, eles serão investigados e poderão ter a prisão decretada. O fato de não serem presos, não significa que eles não vão ser indiciados. Quem quer que seja pode a ser indicado, independente do cargo. As provas estão sendo colhidas e poderão ser presos a qualquer momento", reforçou o promotor.   

Segundo o promotor, cada clube e sua respectiva torcida tinha o seu esquema. Basicamente, os integrantes das organizadas recebiam os ingressos dos clubes e iam para as portas dos estádios para fazer a revenda. "Podemos dizer que hoje fechamos a primeira fase da operação." Em média 200 ingressos eram disponibilizado por partida, inclusive para jogos fora do país. O faturamento poderia chegar a R$ 25 mil, caso o jogo fosse um clássico. A meias-entrada era vendida entre R$ 40 e R$ 60.  

O repasse de ingressos de meia entrada para partidas do Brasileirão, da Libertadores e da Copa Sul Americana também será investigado. É que várias entradas dessas disputas foram apreendidas na primeira fase. "São dois crimes praticados. Um é por facilitação ao cambismo e o segundo é por estelionato, ao fornecer ingressos de meia entrada a quem não é merecedor desse benefício”, explicou Marcos Kac.

Outro alvo da operação desta segunda-feira foi o policial militar Edmilson José da Silva, chefe da segurança do clube Vasco da Gama. Ele não foi encontrado em sua residência no Recreio e é considerado foragido. Edmilson é responsável pela segurança pessoal de Eurico Miranda. 

Rodrigo Granja dos Santos, conhecido como Batata, e que seria chefe do transporte do Vasco também está sendo investigado e é considerado foragido.

"A investigação continua e todos os citados poderão ser chamados para prestar depoimento, eles serão investigados e poderão ter a prisão decretada. O fato de não serem presos, não significa que eles não vão ser indiciados. Quem quer que seja pode a ser indicado, independente do cargo. As provas estão sendo colhidas e poderão ser presos a qualquer momento", reforçou o promotor.

De acordo com a delegada Daniela Terra, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), o presidente do Fluminense, Pedro Abad, prestou depoimento e disse que forneceu ingressos para as organizadas até o final do brasileirão. "O Carlos (preso na primeira etapa da operação) disse que eles organizaram que 200 ingressos seriam repassados para todas as torcidas do Fluminense."

A operação é realizada por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e tem como base uma denúncia do Gaedest ao Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos (JETGE). O objetivo é combater ilegalidades envolvendo dirigentes de clubes e integrantes de torcidas organizadas. As ilegalidades vão desde o desvio de ingressos para fins de cambismo, como o descumprimento de decisões judiciais por partes do clubes, que fornecem ingressos e financiam torcidas organizadas penalizadas com o banimento dos estádios por atos violentos. 

Na última semana, durante a primeira fase da operação, três integrantes de torcidas organizadas do Fluminense foram presos acusados de receber ingressos da diretoria do clube e revendê-los para cambistas. Membros das diretorias de Botafogo, Flamengo, e também do Fluminense foram conduzidos para prestar depoimento. 

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Segundo a Polícia Civil, os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro são suspeitos de fazer repasse de ingressos para torcidas organizadas, mesmo com estas suspensas de frequentar os estádios. A Imply, de acordo com ainvestigação, era contratada pelo Flamengo para fazer a venda dos ingressos. Além de meia-entrada, há grande possibilidade de ingressos direcionados ao programa sócio-torcedor terem sido desviados para o esquema criminoso. 
"Quem perde é a sociedade, pois os torcedores acabam perdendo o prazer de ir aos estádios e isso fomenta a atividade ilícita", disse a delegada Daniela Terra. 
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Em nota, o Fluminense afirmou que confia na correção dos seus funcionários Filipe Dias, gerente de Operações de Jogos e Arenas, e Artur Mahmoud, assessor de imprensa da presidência. "Eles já prestaram todos os esclarecimentos quando chamados a depor como testemunhas. O clube considera as prisões desnecessárias e arbitrárias, e reafirma que vai seguir auxiliando nas investigações da Polícia Civil e do Ministério Público", diz trecho da nota.
Já a empresa Imply disse que "todos os ingressos dos jogos do Clube de Regatas do Flamengo são entregues direta e exclusivamente ao clube e registrados em protocolo." "A empresa não compactua e não tolera qualquer ato que comprometa os valores éticos estritamente seguidos desde a sua fundação, há 15 anos.” 
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Em nota o Flamengo disse não ter qualquer tipo de participação em esquemas de repasses de ingressos para cambistas. “Pelo contrário: em todos os momentos em que o clube tomou ciência de práticas contra a lei no que diz respeito ao assunto notificou a polícia e colaborou com investigações para sempre defender os interesses dos rubro-negros. Nossos esforços são sempre aplicados para que toda colaboração dos torcedores com venda de ingressos, programa de sócio-torcedor ou qualquer tipo de interação com o clube vá para os cofres do mesmo e não para terceiros. O Flamengo valoriza muito a colaboração dos órgãos públicos no combate a qualquer tipo de fraude nessa ou qualquer outra área", informou o clube.
O DIA procurou o Vasco, o Botafogo, a Raça Rubro Negra e a Fiel Tricolor, mas eles ainda não se pronunciaram.
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Confira todos os denunciados pelo Ministério Público:
1 - Manoel Oliveira Meneses
2 - Carlos Torres Junior
3 - Carlos Roberto de Almeida
4 - Ricardo Alexandre Alves Gomes
5 - Arthur Machado Mahmoud
6 - Filipe Ferreira Dias
7 - Luís Fonseca da Silva
8 - Alesson Galvão de Souza
9 - Leandro Shilling
10 - Cláudio Tavares de Lima
11 - Vinicius Carvalho
12 - Monique Patrício dos Santos Gomes
13 - Sávio Agra Sassi
14 - Rodrigo Granja Coutinho dos Santos
15 - Edimilson José da Silva
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Colaborou Adriano Araujo
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