“O combinado era R$ 100 mil [para Suzana Neves]. Ele dava uma mesada para os pais, que chegou a R$ 100 mil. Para a irmã, Cláudia, R$ 25 mil. Para os dois filhos, era R$ 10 mil para o mais velho e R$ 5 mil para o mais novo”, disse Miranda, que era responsável pelos pagamentos, vindos da empresa FW. O nome do deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB), filho mais velho do ex-governdor, não foi citado, a pedido de Bretas, por ele ter foro privilegiado. Miranda, segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), era o operador financeiro de Cabral, encarregado de recolher e entregar dinheiro do esquema criminoso do grupo.
A ex-mulher de Cabral também foi ouvida e negou que recebesse mesada de até R$ 100 mil. Ela disse que os valores mensais variavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil e negou saber a origem ilícita dos recursos. “Eu não tinha motivo para desconfiar do Sérgio”, disse ela, que está separada dele faz 21 anos. A denúncia do MPF também informa que a FW realizou diversas obras em casas de Suzana, mas ela negou saber que a empresa prestava serviços ao estado.
Cabral foi o último a ser interrogado e sustentou que o dinheiro recebido da FW não era propina, mas sim caixa 2 para campanhas. E que ele combinou com Werneck para apoiar sua família financeiramente, para direcionar esses recursos. Ao final do depoimento, Cabral, visivelmente emocionado, lembrou que está preso faz 13 meses e que este será o segundo Natal que ele vai passar longe da família. “Eu tenho buscado em Deus forças para estes momentos tão difíceis. Que a gente acorda e não sabe como. Mais um Natal fora de casa, sem meus filhos. Deve ter um sentido nisso”, desabafou Cabral.