Cerca de 30 metros da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, cederam por causa de uma erosão provocada pela infiltração da água da chuva - Estefan Radovicz / Agência O DIA
Cerca de 30 metros da Ciclovia Tim Maia, em São Conrado, cederam por causa de uma erosão provocada pela infiltração da água da chuvaEstefan Radovicz / Agência O DIA
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Rio - A forte tempestade foi causada por um fenômeno atípico, conhecido como supercélula. Esse evento raro, que não tem previsão de voltar a acontecer nos próximos dias, ocorre quando há presença de uma corrente de ar girando no interior da nuvem. "Das quatro classificações de tempestade, as supercélulas são geralmente as menos comuns, mas também são as mais severas. O fenômeno começou a se formar na Zona Oeste e se ampliou, atingindo diversas outras regiões", explicou o meteorologista do Inmet, Thiago Souza. A previsão para hoje é de pancadas de chuvas isoladas.

Entenda o fenômeno da supercélula - Arte: O Dia

Além dos alagamentos e mortes, a chuva foi a responsável pela queda de um trecho da ciclovia Tim Maia, em São Conrado, que desabou há quase dois anos. Cerca de 30 metros do corredor despencou por volta das 7h. Segundo a Secretaria de Urbanismo, o solo abaixo da ciclovia cedeu por causa de "uma erosão causada por infiltração da água da chuva". A secretaria afirmou que técnicos da GeoRio vão investigar o desabamento "que não é comum naquela região apesar do grande volume de chuva registrado".

O prefeito do Rio em exercício, Fernando Mac Dowell, esteve no local e afirmou "isso aqui está podre". "O projeto está errado. Tem que fazer todo o dimensionamento outra vez. A ciclovia caiu porque não foi dimensionada adequadamente", completou.

A tempestade também impactou a rede de saúde. O Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra, ficou sem luz. Os funcionários precisaram acionar os geradores. A energia foi restabelecida pela manhã. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o grande volume de chuva também provocou pontos de infiltração no setor de emergência. Com isso, alguns pacientes foram transferidos para outros setores.

Outras 15 unidades de saúde municipais ficaram sem luz. Sete hospitais e três UPAs funcionaram com geradores. Os hospitais Evandro Freire, Paulino Werneck, Albert Schweitzer, Francisco da Silva Telles, Nossa Senhora do Loreto, Álvaro Ramos, Maternidade Alexander Fleming e as UPAs Vila Kennedy, Sepetiba e Madureira continuavam sem energia até o fim da tarde de ontem. Nos hospitais estaduais Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e Getúlio Vargas, na Penha, parte do teto de gesso caiu.

Falha nos transportes

Quem precisou de transporte público pela manhã só encontrou problemas. A estação do BRT Alvorada ficou inundada, prejudicando a circulação. Nos trens, o ramal Santa Cruz foi interrompido no início da manhã, após a queda de um dirigível na rede aérea. O VLT e o metrô tiveram instabilidades por conta falta de luz.

Prejuízo também na PM. Em Rocha Miranda, no 9º Batalhão de Polícia, 12 viaturas ficaram debaixo d'água, assim como veículos de policiais que estavam de serviço.

De acordo com a Defesa Civil, 19 árvores de grande porte caíram e interditaram vias, como Avenida Brasil. Na Lapa, uma árvore caiu no táxi de Erivan Maciel, 42. Ele estava com três passageiros quando parou no sinal da Rua Gomes Freire e foi surpreendido com o acidente, que não deixou feridos. "Não paguei o seguro do carro e tive prejuízo". Dois postes foram derrubados pelas chuvas: um na Ilha do Governador e outro na Vila Valqueire. Ainda em Vila Valqueire, árvores foram arrancadas do chão pelo vento junto com a calçada.

Bairros sem luz por mais de 22 horas
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Depois do temporal, a falta de luz. Em bairros da Zona Norte, como a Ilha do Governador, até o fim da noite de ontem estavam em plena escuridão. Por lá, a energia foi interrompida por volta de 0h. A maioria dos postos de gasolina no bairro passaram o dia fechados. A Linha Vermelha e a Maré ficaram a noite toda no breu.
O problema também se estendeu pela Zona Oeste. Em Realengo, muitas casas ficaram sem luz por quase 20 horas. "É um descaso. Acionei a Light desde o fim da chuva, quando faltou luz, e não recebi nenhum retorno. Disseram apenas que o serviço estava indisponível. Foi muito transtorno, estragou tudo em casa", criticou Fernanda Fernandes, 86, moradora há 70 anos do bairro.
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De acordo com a Light, a queda de árvores na rede elétrica ocasionou a interrupção do fornecimento nos bairros. Além de Realengo e Ilha, teve falta de luz em Campo Grande, Vila Valqueire, Jacarepaguá, Barra, Recreio, Abolição, Bonsucesso e Penha. A concessionária informou ainda que dobrou o número de profissionais: de 800 para 1,5 mil.
O Aeroporto Tom Jobim, o Galeão, suspendeu a emissão de passaportes. Usuários precisam remarcar a data no site www.dpf.gov.br.
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