Estação de Ramos Zona Norte do Rio Interditada , continua cheia de água e lama   - Severino Silva
Estação de Ramos Zona Norte do Rio Interditada , continua cheia de água e lama Severino Silva
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Quem precisou embarcar nas estações da SuperVia em Ramos, Olaria e Penha, na Zona Norte da Rio, na manhã desta sexta-feira, encontrou os locais fechados. O motivo? As estações estavam alagadas por causa do temporal que atingiu a cidade, na noite da última quarta-feira.

E não foi apenas o alagamento que prejudicou os moradores da região. Há mais de 30 horas falta luz nos bairros. A aposentada Maria Amália Balbino, de 74 anos, contou que perdeu tudo, que tinha, na geladeira após a chuvarada que caiu na cidade. "Há horas estamos sem energia elétrica. Eu havia comprado um peixinho para comer com o meu marido, no próximo domingo, mas perdi", lamentou.

Nesta manhã, a senhora, tentou atravessar por uma passagem subterrânea da estação de Ramos para ir ao mercado, mas teve que dar meia volta. O local estava completamente tomado de lama e lixo. “Tentei passar para fazer umas compras. Moro na Rua Piumbi e precisava ir na Rua Cardoso de Moraes (do outro lado). Agora vou ter que voltar para casa”, completou a mulher.

O técnico em refrigeração, Jhonny de Azevedo Vidal, 29, saiu de Saracuruna, em Duque de Caxias, às 5h desta sexta-feira para trabalhar em uma empresa de manutenção na Avenida Itaoca, em Bonsucesso. No entanto, ao chegar no local foi surpreendido pela falta de energia elétrica. Foi dispensado e ao tentar embarcar na estação de trem de Ramos, não conseguiu entrar. “Desembarco e embarco no trem aqui todo dia. Como fui dispensado por falta de energia, tentei voltar para casa. Agora terei que ir até a estação de Bonsucesso”, disse. O jovem ainda criticou a “falta de postura” das autoridades. “Isso é uma falta de respeito”.

A passagem subterrânea da estação da SuperVia é “uma mão na roda” para quem precisa atravessar a linha do trem, mas nos últimos três dias quem precisa fazer essa travessia tem sofrido por conta da inundação. É o caso do bombeiro Humberto Correia de Melo, 44, que leva o filho —um garotinho de 8 anos e cadeirante — para fazer fisioterapia pelo menos três vezes por semana perto da rua Uranos.

Ontem, devido à interdição da passagem, o pequeno deixou de ir ao fisioterapeuta. “É lamentável isso. Está tudo alagado há dias e ninguém faz nada. Será que se aqui fosse na Zona Sul estaria desse jeito?”, critica. “O meu filho precisa ser levado ao médico e usamos aqui toda semana. Além de não ter uma rampa para as pessoas com algum tipo de deficiência, não tem uma estrutura de escoamento da água. Vai ficar assim até que dia?”, indagou.

Falta luz e sobra alimentos no lixo

E o sofrimento da população da Zona Norte vai além da chuva. Há mais de 30 horas bairros como Bonsucesso, Ramos, Olaria, Penha e Vicente de Carvalho estão sem luz. Moradora de uma vila — com 20 casas — em Ramos, a professora Salete Amorim Abreu, 51, contou que perdeu todos os alimentos que estava na geladeira.

“Cheguei a comprar gelo para tentar manter. Mas, chegou uma hora que não deu mais. Levei algumas coisas para a casa da minha irmã e joguei o resto fora”, contou a educadora. Segundo a mulher, dezenas de ligações foram feitas para a Light, no entanto, nada foi resolvido. “Isso é um absurdo. Não estamos conseguindo fazer quase nada. Entendo que por conta da chuva houve problemas. Mas a Light deveria ter mais respeito com os consumidores. Deixa de pagar para ver se eles não cortam”.

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