Rio - Um dia após a assinatura do decreto de intervenção federal na Segurança Pública do estado, os militares amanheceram em ruas da Zona Sul e Centro, e muita gente pensou que se tratava de um novo esquema de policiamento para a cidade com soldados das Forças Armadas. Só que não. Era apenas o esquema de segurança para a chegada do presidente Michel Temer, que veio ao Rio para reunião sobre a intervenção no Palácio Guanabara, com o governador Luiz Fernando Pezão, ministros e a cúpula da área de Segurança. O prefeito Marcelo Crivella também esteve no encontro.
O aparato militar foi montado entre o Aeroporto Santos Dumont, no Centro, até Botafogo e Laranjeiras, trajeto que Temer faria. O presidente, no entanto, acabou se deslocando até o Clube Fluminense, ao lado do Palácio Guanabara, em Laranjeiras, de helicóptero e não passou por ali. Muitos cariocas, ao saberem que os militares não continuariam no patrulhamento e que a mobilização não fazia parte da intervenção, se frustraram.
"Como os soldados estão aqui hoje, o bairro está tranquilo. Mas daqui a pouco vai voltar tudo ao normal, com os assaltos e roubos que acontecem todo dia", disse o auxiliar de encarregado José Eradir Rodrigues Dias, de 33 anos, ao lado de um tanque, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, após ser avisado pela equipe de reportagem que o patrulhamento especial era para a visita do presidente.
Em todas as passarelas do Aterro do Flamengo, sob o sol forte, havia homens do Exército fortemente armados. Perto dali, na Praia do Flamengo, sentado e tomando uma cerveja, o aposentado Agostinho Furlan, 63, olhava desconfiado sobre a presença dos militares. "Hoje eles vão embora. Na outra semana, sabe-se lá se devem voltar. É difícil dizer se essa intervenção vai ajudar em alguma coisa. Ainda não se sabe como será essa ação", reclama Agostinho.
Além do patrulhamento na trecho do Santos Dumont até Laranjeiras, viaturas das Forças Armadas circularam nas principais vias da cidade, como avenidas Presidente Vargas e Brasil, linhas Vermelha e Amarela, além da Rodovia Washington Luiz (BR-040). O coronel Roberto Itamar, porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), confirmou que os militares estavam em regiões estratégicas da cidade por causa da visita de Temer. "Os militares estão ao longo do itinerário que o presidente fará", afirmou. Nas últimas visitas de Michel Temer ao Rio, no entanto, não houve todo esse aparato de segurança.
A votação do decreto da Intervenção na Segurança do Rio foi marcada para amanhã, às 19h, na Câmara dos Deputados, e depois segue para o Senado. A expectativa é de que seja aprovado nas duas Casas.