Local onde ocorreu o tiroteio: disputa por ponto de tráfico 

 - Severino Silva
Local onde ocorreu o tiroteio: disputa por ponto de tráfico Severino Silva
Por rafael nascimento e RAIMUNDO AQUINO

Rio - Faz tempo que Laranjeiras vem perdendo o clima de tranquilidade que era marca do bairro. A desordem e a violência tornaram-se parte do cotidiano na região que abriga o Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Na noite de quarta-feira, os moradores viveram momentos de terror. Uma disputa por um ponto de venda de drogas na Praça São Salvador provocou um tiroteio que deixou dois homens mortos e um taxista ferido.

A intensa troca de tiros aconteceu quando o local estava lotado muitas pessoas assistiam a uma partida de futebol. Por volta de 23h, homens armados chegaram e atiraram contra um outro, que estava no local. Os tiros foram revidados por um homem que estava dentro de um bar, atingindo o sujeito que teria começado o tiroteio.

O desespero tomou conta da praça, com muitas pessoas se jogando no chão, com medo de balas perdidas. O taxista Alexandre Ramos, de 53 anos, que passava pelo local, foi ferido no abdômen. Socorrido por bombeiros, foi levado para o Hospital Miguel Couto. Ele passou por cirurgia e seu estado é estável.

A Delegacia de Homicídios (DH) da capital tem algumas linhas de investigação. Uma delas é a disputa entre um traficante conhecido como Neymar, da favela Pereirão, em Laranjeiras, e um outro homem conhecido como Léo Gordão, que vendia drogas, de forma independente, na Praça São Salvador.

Neymar não estaria satisfeito com a decisão do rival de vender entorpecentes na praça e teria ido pessoalmente dar um ponto final ao comércio. Traficantes do Morro Azul, no Flamengo, também estariam insatisfeitos e teriam jurado de morte Léo Gordão.

Os traficantes chegaram à praça em um Fox prata. Léo Gordão chegou a correr, mas caiu na rua Senador Correia. A DH investiga quem foi o autor dos tiros, disparados de dentro de um dos bares do local, que mataram Neymar, que também morreu. O criminoso ainda foi atropelado ao tentar fugir.

O delegado Fábio Cardoso, chefe da DH da Capital, disse que nenhuma linha de investigação está descartada. "Tudo indica que os suspeitos foram para matar vítima específica. Queremos saber se o segundo homem que morreu também era alvo", disse.

Trancados em casa

Ontem, o medo e a apreensão eram visíveis na praça, um dos pontos mais movimentados da Zona Sul, com vários bares e muitos eventos.

Segundo moradores, os bandidos estão assaltando até na rua Coelho Neto, via próxima ao Palácio Guanabara. As ruas Alvares Chaves, Mário Portela e Alice são as mais violentas."Tem muitos roubos à luz do dia. À noite, não se vê ninguém na rua", conta Homero Peçanha, que mora e tem uma comércio no bairro.

Nove viaturas e 40 policiais para patrulhar 8 bairros
Wellington Amorim: professor só anda a pé por Laranjeiras de dia
Wellington Amorim: professor só anda a pé por Laranjeiras de diaSeverino Silva
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O 2º BPM (Botafogo) que abrange oito bairros, entre eles Catete, Cosme Velho, Flamengo, Glória, Laranjeiras, Botafogo, Humaitá e Urca, tem cerca de 40 policiais por turno. Atualmente, apenas nove viaturas patrulham os oito bairros. Anteriormente, o batalhão tinha 27 viaturas. Nenhuma das nove motocicletas utilizadas para a ronda dos bairros está em funcionamento. Aproximadamente, 500 mil pessoas vivem nesses oito bairros.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em janeiro de 2017 na área da AISP 2 que atinge os oito bairros foram registrados 313 furtos. No mesmo período deste ano, o número saltou para 489.
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Em 2017, 19 estabelecimentos comerciais foram assaltados. Neste ano, o número saltou para 26. Já a tentativa de homicídio aumentou em 200%. Em 2018 foram 15 tentativas. No ano passado foram apenas cinco.
"Ultimamente, ficamos com medo do que pode acontecer quando saímos às ruas. Depois das 21h, eu e os meus vizinhos não nos arriscamos. Há um ano, se preciso sair à noite, só saio de Uber", diz o professor universitário Wellington Amorim, de 51 anos.
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