Matheus Melo Castro - Reprodução / Facebook
Matheus Melo CastroReprodução / Facebook
Por O Dia

Rio - A família de Matheus Melo Castro, de 23 anos, que morreu baleado no Jacarezinho, na noite desta na última segunda-feira, pretende processar o estado. Eles acusam policiais de terem tirado a vida do jovem, atingido por tiros quando deixava de moto a comunidade, onde havia deixado a namorada. 

"A gente não vai desistir. A gente vai lutar porque a gente sabe que o Matheus não vai voltar. Queremos essa notícia nos quatro cantos do mundo porque a gente quer que o policial que fez isso pague pelo que fez e com certeza vamos processar o estado", disse Elaine Castro, tia da vítima.

O corpo de Matheus será enterrado às 14h desta quarta-feira no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio. "Parece mentira, a ficha ainda não caiu. Eu não sei como vai ser chegar lá e encontrar ele dentro de um caixão", disse, muito emocionada. 

Elaine também afirma que a família está trabalhando com advogados para conseguir acesso às câmeras que flagraram o momento dos disparos, tanto as de trânsito quanto as da Suipa, que fica perto de onde o jovem foi morto.

"A gente não vai desistir. A gente vai lutar porque a gente sabe que o Matheus não vai voltar. (...) Queremos essa notícia nos quatro cantos do mundo porque a gente quer que o policial que fez isso pague pelo que fez e com certeza vamos processar o estado", disse.

A tia de Matheus voltou a defender a inocência do jovem, e revelou que junto ao corpo da vítima foram encontrados convites que ele estava vendendo para organizar um almoço na igreja que ele fazia parte. "Não é só bandido que mora em comunidade, também mora gente de bem. Na hora (do crime) não tava tendo tiroteio. Eu queria entender porque eles fizeram isso", disse, aos prantos.

UPP e Polícia Civil investigam o caso

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) determinou a abertura de uma investigação interna sobre a morte de Matheus Melo Castro, de 23 anos, na noite desta segunda-feira. A família acusa policiais militares de terem atirado contra o rapaz após ele sair da Favela do Jacarezinho, onde havia acabado de deixar a namorada após voltarem da igreja. Ele foi atingido por pelo menos dois disparos, um no tórax e outro no braço esquerdo.

Segundo a PM, o procedimento interno vai tentar descobrir se houve realmente participação de policiais na morte do jovem e de qual UPP eles pertenceriam. A Avenida Dom Hélder Câmara, onde aconteceu o crime, é coberta tanto pelas UPPs Jacarezinho e Manguinhos — que são ligadas aos 3º e 22º BPMs, respectivamente —, além de ter a Cidade da Polícia Civil.

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), os policiais da UPP Manguinhos ficaram sabendo da morte de Matheus através do 190 e seguiram para a UPA da comunidade, onde ele já chegou morto. O comando da unidade diz que os PMs não participaram de nenhum confronto na região. Pouco tempo depois, um ônibus foi incendiado na Avenida dos Democráticos e a base da UPP foi atacada a tiros por criminosos. A UPP Jacarezinho também nega envolvimento em tiroteios na favela.

A Delegacia de Homicídios (DH-Capital) também investiga o caso. Agentes estão em busca de imagens de câmeras de segurança e testemunhas que possam ajudar na identificação dos autores dos disparos que mataram Matheus.

Matheus morava em Higienópolis e voltava de um culto na Igreja Missão de Fé, em Manguinhos, e foi deixar a namorada no Jacarezinho, de acordo com a família. O jovem era obreiro na igreja e estava coordenando um encontro no local horas antes de ser morto.

Matheus trabalhou até os 17 anos em um lava-jato e meses depois foi contratado como terceirizado da Fiocruz, onde estava há quase seis anos. Ele era formado em segurança do trabalho e muito ligado à família. 

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