Rio - O agente de coleta seletiva Matheus Melo Castro, de 23 anos, foi morto a tiros por volta das 22h desta segunda-feira, no Jacarezinho. De acordo com parentes de Matheus, ele tinha acabado de deixar a namorada na comunidade da Zona Norte e seguia de moto pela Avenida Dom Hélder Câmara quando, segundo familiares, foi ferido por policias militares que patrulhavam a área.
Após a morte do jovem, ainda na noite de segunda-feira, um ônibus foi incendiado na Avenida dos Democráticos, e a base da UPP Manguinhos foi atacada a tiros por criminosos. Houve confronto, sem feridos. O policiamento foi reforçado na comunidade.
Ainda segundo familiares, Matheus, que morava em Higienópolis, voltava de um culto na Igreja Missão de Fé, em Manguinhos, e foi deixar a namorada no Jacarezinho. O rapaz, que trabalhava na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi levado sem vida à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, por volta das 22h40. Ele foi atingido por pelo menos dois disparos, um no tórax e outro no braço esquerdo.
Visivelmente abalado, o pai de Matheus, Wellington Melo, dizia não acreditar no que aconteceu. "Meu filho era trabalhador. Mataram ele covardemente. Ele estava vindo na moto, deixou a namorada em casa e bateu de frente com a viatura (da Polícia Militar), que saiu fuzilando ele", afirma. "Eles (os policiais) nem socorreram meu filho, foram embora", continua.
Matheus trabalhou até os 17 anos em um lava jato e meses depois foi contratado como terceirizado da Fiocruz, onde estava há quase seis anos. Ele era formado em segurança do trabalho e muito ligado à família. O jovem também era obreiro na Igreja Missão de Fé e estava coordenando o encontro na igreja horas antes de ser morto.
Procurada pela reportagem, o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Manguinhos disse que os policiais foram informados que Matheus tinha sido baleado na Avenida Dom Helder Câmara e socorrido por moradores para UPA de Manguinhos. A UPP alega que não houve registro de confrontos envolvendo os policiais da região e, questionada pelo DIA, não comentou as acusações da família.
A família de Matheus está desde o início da manhã no Instituto Médico-Legal (IML), onde aguarda a liberação do corpo, que deve ser enterrado nesta quarta-feira no Cemitério da Penitência, no Caju. O presidente da comissão, deputado Marcelo Freixo, falou com uma das tias da vítima por telefone e membros da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) vão encontrar com a família no IML e acompanhar o caso.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) confirmou que Matheus trabalhava no campus Manguinhos desde 2013 como agente de coleta seletiva. Ele era terceirizado e contratado através do Departamento de Gestão Ambiental.
Tiroteio intenso
Nas redes sociais, a noite de segunda foi de relatos de tiroteio na região entre os internautas. Ao DIA, o argentino Javier Gusman, 42, disse que sua namorada, que mora em Manguinhos, contou a ele que os tiros na última noite foram mais intensos do que o normal. "Ela falou que uma janela do seu quarto quebrou com as balas que entraram por lá. Os tiros atingiram também alguns postes e algumas ruas ficaram sem luz". A Light disse que não houve falta de energia na comunidade.