O policial Djair Ferreira levou 11 tiros e hoje é dado como inválido - Maíra Coelho/Agência O Dia
O policial Djair Ferreira levou 11 tiros e hoje é dado como inválidoMaíra Coelho/Agência O Dia
Por JONATHAN FERREIRA

Rio - Um ato promovido por entidades que defendem bombeiros e policiais civis e militares, caminhou na Praia de Copacabana, para chamar a atenção de autoridades e da sociedade sobre o alto índice de mortes de policiais e denunciar a falta de estrutura de trabalho dos profissionais da segurança pública.

O movimento teve início às 10h, na altura do Posto 5. Os manifestantes, incluindo familiares de policiais vítimas da violência do Rio de Janeiro, usaram faixas e cartazes como forma de protesto. Também foi estendido um cartaz agradecendo ao morador da Rocinha, Antônio Ferreira da Silva, conhecido como “Marechal”, morto na última quarta-feira, durante uma troca de tiros entre PMs e bandidos, que culminou, ainda, na morte do soldado Felipe Santos de Mesquita.

Policiais militares e parentes fazem ato contra morte de agentes - Maíra Coelho/Agência O Dia

A mãe do soldado Mesquita, Ana Cissa, clamou por mais valorização do poder público aos policiais. “Preciso que haja Justiça, para que outras mães não passem pelo que eu estou passando agora. Só quem perde um filho sabe a dor. Enquanto os políticos defendem os bandidos, meu filho estava defendendo a pátria e a cidade dele. Agradeço a deus por tudo que ensinei ao filho. Ele dizia que se fosse para morrer, que fosse defendendo meu país e minha cidade”, desabafou.

Um dos organizadores do ato, o tenente Nilton da Silva, que é presidente do movimento S.O.S. Polícia, defendeu penas mais rigorosas para pessoas que cometem crimes contra policiais. Ele criticou as audiências de custódia e disse que os criminosos estão agindo com a sensação de impunidade. Da Silva ressaltou a importância do ato. "É uma forma de chamar atenção não só das autoridades, mas da sociedade como um todo. Se nós estamos sendo vítimas, como iremos assegurar a vida do cidadão comum?", questionou.

A viúva do sargento Hudson Silva de Araújo, Fernanda Ursolino, esteve no ato acompanhada de sua filha, que estendeu um cartaz com a foto do pai, morto por criminosos em julho do ano passado, durante um patrulhamento na comunidade do Vidigal, na Zona Sul do Rio. Ela criticou a falta de apoio do estado e ressaltou a dificuldade para criar as duas filhas sem o marido.

“Hoje eu sou pai e mãe. A presença do pai e marido faz muita falta. Não ter presença masculina em casa faz falta. É difícil educar duas meninas sem os pais. A falta do pai é sentida por elas a todo momento”, desabafou. Ursolino ressaltou a importância dos policiais militares e clamou por justiça. “Se com eles(Policiais) já está ruim, imagina sem eles. Perdi o meu há oito meses, mas a minha luta por resposta e Justiça continua. Quero que o nome dele não caia no esquecimento”, ressaltou. Ela lembrou que três suspeitos pelo crime foram presos, mas que ainda outros três ainda seguem foragidos.

O sargento reformado Djair Ferreira, de 55 anos, é um dos policiais que foi vítima de criminosos pelo fato de vestir a farda da corporação. Ele estava fora de serviço quando foi alvo de 11 tiros de criminosos, após ter sido reconhecido como policial militar. O caso aconteceu em 2001, em Vigário Geral. “Fui assaltado em um sinal de trânsito em Parada de Lucas. Dentro do carro os bandidos acharam minha carteira da PM, me levaram para a entrada da comunidade e me deram 11 tiros. Tive que colocar uma prótese no quadril. Infelizmente, a polícia não tem um setor que nos ampare e que fique em cima para acompanhar o problema do policial”, lamentou.

O professor de MMA, Henrique Alves, que perdeu os movimentos da perna, após ser alvejado por criminosos em um assalto, em Cordovil, em janeiro de 2016, também participou do ato para apoiar os amigos que são policiais militares. Ele continua mantendo a rotina de treinos, dentro da unidade do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PM (Cfap). “Eu era atleta, e estava indo trabalhar, quando dois meliantes que estavam em uma moto, puxaram minha mochila dizendo que eu havia perdido. Estava na calçada e cai em cima do bandido que estava armado. Ele se assustou e atirou. Perdi os movimentos da perna na hora”, contou.

 

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