Rio - O rastreamento das ligações telefônicas no trajeto feito pela vereadora Marielle Franco, do PSOL, e do motorista Anderson Pedro Gomes no dia 14, quando foram executados a tiros se tornou uma peça importante no quebra-cabeça da Delegacia de Homicídios para descobrir os executores. Eles saíram de um evento na Rua dos Inválidos, onde começaram a ser seguidos, e foram emboscados na Rua Joaquim Palhares, no Estácio. O pedido da quebra do sigilo foi feito ao 4º Tribunal do Júri. No mapeamento feito pelos investigadores são 35 erbs, antenas que registram as chamadas feitas na região.
Nos bastidores, a pressão sobre a investigação é grande, principalmente, para saber se a motivação foi política. Nenhuma hipótese está descartada. Ainda mais depois do bate-boca entre o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Enquanto, Jungmann acusou Freixo de mentir, o parlamentar rebateu chamando-o de 'trapalhão'. A gasolina na crise aumentou com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que declarou que a morte de Marielle é um atentado político contra a intervenção.
No leque de investigação, a milícia é outro alvo. Dois acusados de envolvimento com paramilitares estiveram na Câmara de Vereadores. A polícia identificou, por imagens de câmeras cedidas pelo parlamento, que foram o ex-vereador Cristiano Girão, da milícia da Gardênia Azul, e o ex-policial militar Luiz Monteiro da Silva, o Doem, da Taquara, as duas da Zona Oeste. Tanto Girão quanto Doem foram citados no relatório final na CPI das Milícias, comandada por Marcelo Freixo, em 2008. Mas ainda estão em busca se as visitas têm algum tipo de relação com os crimes.