A professora de Letras Viviane afirma que foi 'convidada a se retirar' do colégio do filho por estar usando um colar de contas - Reprodução Internet
A professora de Letras Viviane afirma que foi 'convidada a se retirar' do colégio do filho por estar usando um colar de contasReprodução Internet
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), formada por líderes de diversas denominações do Rio, registrou o 25º caso este ano relacionado a suposta discriminação religiosa. A professora de Letras, Viviane Tavares da Rocha, de 39 anos, usou as redes sociais para denunciar que na semana passada, ao buscar o filho, Nícolas, de 8 anos, no Colégio Adventista de Jacarepaguá, onde estuda no quarto ano, teria sido “convidada a se retirar” da escola, por estar usando um colar de contas.

“Eu entrei na escola e abordei a professora de Português do meu filho, para questionar uma prova que tinha sumido. O vice-diretor, Davidson Cruz, me interpelou e disse que eu estava `vestida como macumbeira´, por usar um colar de contas, e que deveria me retirar. Foi muito constrangedor”, relatou Viviane. Ela disse ainda ter sido impedida de sair do colégio com o filho, entregue ao pai, que é separado dela. “Agora, ameaçam expulsá-lo, alegando que `o nome da instituição foi escandalizado´”, completou. Viviane disse que já foi adventista, ocupando até cargos na igreja, mas que hoje professa sua fé no candomblé.

O colar de contas que Viviane estava usando quando foi buscar o filho no colégio - Reprodução Internet

Davidson Cruz negou veementemente que tenha ofendido Viviane em entrevista ao DIA na quarta-feira. “Ela está fazendo acusações infundadas. Tenho testemunhas como prova”, assegurou Davidson. Em nota, o Colégio Adventista de Jacarepaguá argumentou que a versão de Viviane “não corresponde à verdade dos fatos, que outros pais e profissionais da escola presenciaram o ocorrido, e que os Adventistas do Sétimo Dia têm sido ativos promotores da liberdade religiosa, assim como sua rede de ensino”.

Ainda de acordo com a nota, o colégio salienta que a instituição está presente em em 165 países há mais de 120 anos. “Salientamos ainda que, apenas nesta unidades escolar, 86,88% dos alunos não são adventistas do sétimo dia, ou seja, 1.146 alunos e suas famílias professam outras crenças religiosas, ou não possuem crença. As ações realizadas pelo Colégio Adventista de Jacarepaguá visam garantir a integridade física, emocional e educacional de seus alunos e servidores”.

O Babalawo Ivanir dos Santos, porta voz da CCIR, disse que espera apuração rigorosa do caso. “Esperamos que as autoridades apurem com atenção os fatos relatados. São acusações sérias e preocupantes. Só este ano, já recebemos pelo menos outras 25 denúncias de supostas discriminações por conta de religiões”, lamentou Ivanir. O caso foi registrado na 28ª DP (Campinho).

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