Gildete deixou de desembarcar perto do Into com medo de assaltos  - Severino Silva
Gildete deixou de desembarcar perto do Into com medo de assaltos Severino Silva
Por NADEDJA CALADO e RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Quem passa pela Região Portuária, no entorno da Rodoviária Novo Rio, da Leopoldina e da prefeitura, está familiarizado com uma rotina de muitos assaltos e pouco policiamento. Um roubo na manhã de ontem acabou em tiroteio na Avenida Francisco Bicalho, em São Cristóvão, deixando uma mulher baleada. O confronto foi entre uma escolta da PM que levava o comandante do 4º BPM (São Cristóvão) e criminosos que roubaram uma moto na via.

Durante o assalto, um policial deu dois tiros de advertência e os criminosos revidaram, atingindo o carro blindado onde estavam os agentes. O veículo levava o tenente-coronel Ari Jorge dos Santos e foi atingido duas vezes no para-brisa, mas ninguém ficou ferido. Jozimara Anunciação, 42, foi socorrida para o Hospital Municipal Souza Aguiar e está fora de perigo. O local onde foi ela atingida, em frente a um sinal de trânsito, ficou marcado por muito sangue.

"Temos informações de que os bandidos são da favela da Mangueira. Durante o inquérito, vamos tentar identificar os autores do crime e pedir a prisão deles", explicou o delegado Marcus Antônio Neves, da 17ª DP (São Cristóvão).

Entre os pontos de ônibus do Into, da Leopoldina até a sede da prefeitura, na Cidade Nova, quem espera um ônibus relata o medo e a falta de policiamento. O DIA passou mais de duas horas nessas regiões, na tarde de ontem. Às 12h50 cinco horas após Jozimara ser baleada três PMs em uma viatura do BPTur abordaram duas pessoas que estavam sentadas próximo ao local onde o crime aconteceu. Após a revista, a polícia foi embora e a rotina de medo continuou.

De 11h30 às 13h50 a reportagem percorreu da Avenida Brasil, altura do Into, até a Avenida Presidente Vargas, e não encontrou nenhuma viatura baseada. Pedestres e motoristas dizem que a região é uma das piores, por conta de uma obra da prefeitura na pista central. "Passo aqui todo dia em direção a Zona Norte. O trânsito afunila. Então, é muito comum ver condutores e passageiros sendo assaltados", disse um empresário que preferiu não se identificar.

Bandidos descem do ônibus, assaltam e seguem viagem
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Segundo comerciantes da região do entorno da rodoviária, muitos crimes acontecem durante a passagem dos ônibus das linhas 474 (Jacaré x Jardim de Alah) e 472 (Triagem x Leme). "Eles (assaltantes) descem dos ônibus e fazem uma limpa nas pessoas nos pontos. Após o arrastão, na maior cara de pau, eles voltam para o ônibus e seguem o trajeto", afirmou um vendedor, de 30 anos, que por medo pede anonimato.
"Infelizmente, todo mundo sabe que aqui é uma mina de ouro para os bandidos. Eu deixei de descer neste ponto", destacou a passageira Gildete de Souza, 52, moradora de Niterói, que desembarcava em frente ao Into. Taxistas que param em frente à estação da Leopoldina também reclamam. "De um tempo para cá isso aqui virou um inferno", disse um motorista que preferiu não se identificar.
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Roubos têm aumento de 60% na região
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Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram uma escalada no número de roubos na região atendida pela 17ª DP. Roubos a pedestres dispararam de 96, em janeiro e fevereiro de 2017, para 169 no mesmo período em 2018: um aumento de 76%. Também subiu o número de roubos de rua (soma roubos a transeuntes, de aparelhos celulares e em coletivos) em 60,5%.
Em nota, a Polícia Civil informou que "tem intensificado as investigações sobre as modalidades criminosas no estado". A PM, também em nota, declarou que as regiões contam com patrulhamento do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE), 4º BPM e 5º BPM (Praça da Harmonia), por rondas em viaturas e motos, e baseamento em pontos estratégicos.
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