Policiais do 3º BPM (Méier) foram acionados para a Rua São Joaquim, no Cachambi, e isolaram trecho da via para a realização de perícia - Rafael Nascimento/O Dia
Policiais do 3º BPM (Méier) foram acionados para a Rua São Joaquim, no Cachambi, e isolaram trecho da via para a realização de períciaRafael Nascimento/O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Um bandido morreu durante arrastão na manhã desta terça-feira, na Rua São Joaquim, no Cachambi, Zona Norte do Rio. Almir Souza dos Santos, de 20 anos, foi morto por um policial militar, do 22º BPM (Maré), que esperava o filho na via. Segundo testemunhas, Almir e dois bandidos estavam em carros fazendo arrastão na área, por volta das 10h35. Veículos que estavam parados no local foram alvejados pelos tiros. Uma das vítimas do bando foi o tenente-coronel reformado da PM Batista de Paula, de 66 anos.

“Eu estava no meu carro (um Elantra preto) e havia acabado de deixar uma encomenda para a minha filha quando fui abordado por dois bandidos. Eles desceram de um Jeep Renegade preto e vieram com a pistola apontada para mim. Um chegou do lado do carona e o outro do meu lado. Como as portas não haviam sido travadas, esse que morreu veio gritando dizendo que iria me matar, pois eu era policial. Então, eu respondi para ele que eu era advogado. Eu estava desarmado pois não tenho mais idade para andar armado. Eles levaram a chave do meu carro, meu celular e mais R$ 100. Após me assaltarem, eles então subiram a rua assaltando outros motoristas até chegarem no carro do colega que revidou”, explicou.

Os outros criminosos conseguiram fugir. Almir levou um tiro no rosto e dois no peito. O PM do quartel da Maré estava em sua Hilux esperando pelo filho, a quem levaria para a escola. "Meu vidro é fumê, então ele não viu quem estava dentro. Ele veio na minha direção apontando a arma para mim. Esperei ele se aproximar e abrir a porta para reagir", disse o policial. 

Estado de viatura do 3º BPM (Méier) impressiona - Rafael Nascimento / Agência O DIA

A publicitária Clarice de Paula, 24, filha do tenente-coronel reformado, conta que ouviu os tiros e logo pensou que algo teria acontecido com o pai. "Eu escutei e logo pensei: aconteceu algo com ele. Entrei em desespero e comecei a chorar. Liguei várias vezes para o telefone dele, mas só dava desligado. Foi terrível. Uma sensação muito ruim. Só depois de alguns minutos ele me ligou e disse que — como o carro tem um sistema automático — ele conseguiu ligar e sair do local”, relata a jovem, emocionada. Segundo Clarice, a situação do bairro está fora de controle.

"Viver aqui está complicado. Já chegamos a um ponto que nos arrumamos para sair e temos que desistir. Fui assaltada há três anos aqui e entrei em pânico. Então, eu só saía de casa de carro. Nessa semana voltei a andar a pé e hoje acontece isso com o meu pai”, lembra a publicitária.

Outra vítima do arrastão foi um engenheiro, de 38 anos, que pediu anonimato. Segundo o homem, que estava muito nervoso, quando foi abordado pelo criminosos, eles teriam perguntado se ele era PM.

“Perguntaram: ‘Você é policial? Se for, vamos te dar um estalo’. Eu disse que eu não era policial e pedi para eles terem calma e que eu não iria reagir”, disse o homem. Ainda de acordo com o engenheiro, que é pai e é casado, ele não teve tempo de pensar em nada. “Foi muito rápido. A única coisa que eu queria era me livrar logo daquilo”, lembrou.

O tenente-coronel contou que essa foi a segunda vez que escapou com vida de um ataque de criminosos. O outro ocorreu em 2016, no Engenho da Rainha. "Tomei duas facadas, fiquei cinco dias no CTI do Hospital Salgado Filho, no Méier, e mais de 30 dias internado no Hospital da PM, no Estácio. Hoje, escapei da morte pela segunda vez", disse.

Estado de viatura acionada ao local impressiona

O estado de uma das viaturas do 3º BPM (Méier) que estava na ocorrência chamou a atenção de quem passava pelo local. Com vários tiros na lataria, o veículo era a imagem do abandono e da precariedade que os policiais militares do Rio precisam enfrentar todos os dias. O carro tinha pelo menos seis tiros. Com a placa KPV-6910 e número de série 54-6298, o automóvel tinha várias perfurações na porta do passageiro, além de um tiro no para-brisas (que foi tampado por uma fita adesiva), além de outro disparo na porta do motorista. De acordo com um militar, o carro havia sido alvejado após uma operação policial na região. Além disso, segundo um outro agente, "essa é a atual situação dos carros da PM".

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