Rio - Três dias após uma carga de mais de mil celulares de última geração ter sido roubada no Aeroporto Internacional do Galeão, nenhuma operação policial foi realizada para recuperar os aparelhos. As polícias Civil e Militar se mantiveram inertes mesmo sabendo que o material, avaliado em um milhão de dólares (R$ 3,4 milhões), foi levado para a Favela Nova Holanda, localizada ao lado do 22º BPM (Maré).
Segundo o Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário e Logística (Sindicarga), os aparelhos têm rastreadores, que permitiram constatar a localização. O diretor de Segurança do Sindicarga, coronel Venâncio Moura, contou que três bandidos entraram facilmente no Terminal de Cargas do Galeão, por volta das 21h30 de domingo, e roubaram a primeira remessa de celulares Samsung Galaxy S9 enviada ao Rio. O modelo é recém-lançado no Brasil.
Os assaltantes chegaram em um caminhão vestindo roupas parecidas com as dos empregados do terminal, de boné e estavam armados com pistolas. Eles renderam funcionários no armazém da companhia Gol, fizeram ameaças e trancaram todos em uma sala. A ação foi filmada pelo circuito interno.
"Já foram na certa, estavam com informação privilegiada. A Delegacia de Roubos e Furtos de Carga (DRFC) está investigando a possível participação de algum funcionário do terminal de cargas", disse Moura. Os assaltantes também levaram TVs de LED, medicamentos e câmeras GoPro.
O coronel denunciou que o 22º BPM e a DRFC não recuperaram os celulares porque os blindados estão quebrados. "A polícia não teve estrutura para entrar no local", disse. O proprietário da carga decidiu trazer os aparelhos de avião, do Espírito Santo, temendo o aumento de assaltos nas estradas. Na semana passada, um caminhão que saía do terminal transportando aparelhos da Apple, num total de R$ 2 milhões, também foi roubado. "Já se sabe que o da Apple foi para a Nova Holanda. O caminhão ainda está lá."
A PM argumentou que foi informada sobre a localização da carga na noite de segunda-feira e, como o crime ocorreu no dia anterior, avaliou que não era emergência. "Este tipo de ação noturna demanda planejamento prévio que considere a segurança de moradores e policiais e os protocolos estabelecidos em decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública de Comarca da Capital", explicou. A Polícia Civil não se pronunciou. A Gol e o Galeão afirmaram que colaboram com as investigações.