Pablo foi solto neste sábado, após passar 14 dias preso - Divulgação
Pablo foi solto neste sábado, após passar 14 dias presoDivulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - "Desde a hora que o advogado disse que a Justiça concedeu a liberdade, estou eufórica e ansiosa para ele sair daí de dentro (da cadeia) e eu poder abraçá-lo". Esse é o desabafo de Jessica Carla Barbosa da Silva, que está desde às 6h desta sexta-feira com alguns parentes em frente ao Complexo Penitenciário de Gericinó esperando que o marido seja solto.

Ela é mulher do malabarista Pablo Dias Bessa Martins, de 23 anos, preso há 13 dias. O rapaz é um dos 160 presos pela Polícia Civil no sítio Três Irmãos, em Santa Cruz, acusados de fazerem parte de uma milícia.

"Eu já tinha perdido a esperança dele ser liberto. No entanto, ontem (quinta) recebemos essa bênção. Só quero agradecer quem confiou e mostrou que ele não é bandido", disse Jessica, emocionada. A mulher de Pablo contou que, desde que o marido foi preso, o filho pergunta sempre pelo pai. Mas, preocupada, Jessica que não contou que o rapaz está preso.

"Ele chegou a ter febre e ficar doente. Como o Pablo passa muito tempo fora, dissemos a ele que o pai está no circo trabalhando. Ontem, eu falei para ele estávamos indo buscar o papai dele. Ele pulava de alegria", diz a mulher, que também é artista de circo.

Irmã de Pablo, a merendeira Roberta Dias Bessa Santos, de 29, também está no Complexo Penitenciário de Gericinó à espera do irmão e comemorando a decisão da Justiça com Jéssica. "Após quase 15 dias, só agora vamos ter o primeiro contato. Teremos pouco tempo para curti-lo, ja que na terça ele viaja para a Europa", afirma ela. Roberta diz que, por enquanto, não pretendem processar o estado. No entanto, segundo a merendeira, após ficar provado que o irmão é inocente, eles irão acionar a Polícia Civil na Justiça. Por enquanto, Pablo segue respondendo o processo.

Para o advogado do artista Alessandro Garcia, essa decisão abriu precedente para que a Justiça libere outros rapazes. "Estamos felizes com essa decisão, que poderá ser usada para que a Justiça liberte quem é trabalhador e não tem envolvimento com crime. Abriu um pressuposto para mostrar que ali (na cadeia) tem muitos inocentes", afirma Garcia.

A luta do advogado agora é para soltar Maruys Chrystians Barbosa Soares, primo de Jessica, e Marco Antonio de Souza Ferreira, amigo de ambos, que permanecem em Gericinó. Segundo Jessica, eles foram juntos ao pagode no sítio. Garcia vai entrar com pedido de habeas corpus para os dois. "Eles são trabalhadores, têm carteira assinada e são inocentes. Vamos provar isso", garante o advogado.

Em nota, a Defensoria Pública informou que esse foi "um pequeno passo tendo em vista a grande injustiça cometida contra a maioria das pessoas presas na operação policial em Santa Cruz". "A instituição agora aguarda o julgamento dos 39 pedidos de liberdade que protocolou na Justiça", destacou o subcoordenador de Defesa Criminal da Defensoria, Ricardo André de Souza.

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