Na Rua Carlos Sampaio, a grande dificuldade para Bruna Alves, é passar com o carrinho de bebê na lama - Arquivo Pessoal
Na Rua Carlos Sampaio, a grande dificuldade para Bruna Alves, é passar com o carrinho de bebê na lamaArquivo Pessoal
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - A operadora de caixa Bruna Alves Barboza, de 33 anos, não consegue sair com a filha de dez meses no carrinho de bebê sem tropeçar em buracos e lama na Rua Carlos Sampaio, no bairro Barbuda, em Magé. "A Barbuda está abandonada. As valas abertas dão muitos mosquitos. Minha filha fica com repelente 24 horas e a rua alaga em toda chuva. Não estou pedindo nada demais. Só queria um pó de brita para tapar os buracos".

Em seis distritos e 31 bairros, Magé, com seus 237 mil habitantes (6% da população da Baixada Fluminense), tem muitos sinais de descaso como a rua onde Bruna vive. O abandono é ilustrado em estatísticas. Segundo o último censo do IBGE (2010), 37% dos domicílios não possuem esgotamento sanitário adequado, taxa que coloca a cidade na 71ª posição desse indicador entre as 92 do estado. Apenas uma em cada quatro residências urbanas (24,5%) fica em vias com presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio, amargando a 73ª posição em urbanização de vias públicas. "Moro aqui há 33 anos e nunca mudou nada. Só promessas", lamentou Bruna.

Com base em dados de 2014 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o Mapa da Desigualdade da Casa Fluminense classificou Magé e Seropédica, ambas na Baixada, como as cidades com segundo pior índice de pessoas não atendidas por coleta de lixo na Região Metropolitana: 25% (ou uma em cada quatro). Só não perdem para Rio Bonito, no Leste Fluminense, com taxa de 28%.

Para piorar, a população reclama que a prefeitura não recolhe mais lixo e entulho depositados nas ruas e calçadas de Praia de Mauá, em Magé, dificultando o acesso às casas. "A prefeitura fazia o recolhimento, mas hoje não há máquinas", disse uma moradora que pediu para não ser identificada.

Colaboração de Aline Cavalcante

Má conservação e transporte ruim
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Má conservação é um problema em diversas localidades. No bairro Santo Aleixo, a lama se espalha por todos os lados quando chove. "Moro na Vila Carvalho. A beira da linha de trem virou moradia para a população de rua e o local está cheio de mato. Lamentável", afirmou Bruna Figueiredo. O transporte público também não é eficiente. "Pagamos uma tarifa absurda de R$ 3,90 por veículos sem ar-condicionado, totalmente sucateados, com baratas e guiados por motoristas que não respeitam curvas e quebra-molas. Muitos atrasos e acabamos ficando a pé", comentou Gustavo Lusori.
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Roubos de rua crescem 25% na área
"Há alguns anos, Magé não é a mesma. O status de cidade tranquila se foi com a paz dos moradores. Há assaltos à luz do dia, nos ônibus, arrastões e outros tipos de violência". O relato do estudante Gustavo Lusori, morador do Centro, reflete uma preocupação geral dos mageenses. Segundo o Instituto de Segurança Pública, os roubos de rua em Magé e Guapimirim cresceram 25% em março de 2018, em comparação com março de 2017, passando de 116 para 145 casos. Entre outros motivos, especialistas vêm atribuindo o descontrole da criminalidade na Baixada ao projeto de UPPs focado na capital. A prefeitura e a PM ainda não se posicionaram.
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