Rio - Preso há 10 dias por engano, Leandro Luiz do Livramento, de 32 anos, foi solto na tarde desta sexta-feira. Ele foi confundido pela polícia com o traficante Leandro de Souza Rodrigues, morto em 2014 em um confronto com a Polícia Militar.
Diante da situação, Leandro chegou a ouvir "desculpas" dos policiais que o prenderam. Ao ser detido e levado à 54ª DP (Belford Roxo), os militares disseram que acreditavam que "esse pedido de prisão era um equivoco". Após prestar depoimento, Leandro foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde ficou até hoje.
Léo, como é conhecido pelos familiares, é funcionário de uma rede de departamento há 13 anos e exerce cargo no setor financeiro. Ele foi surpreendido com a prisão ao chegar no posto do Detran, em Vilar dos Teles, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, onde mora com a mãe e duas irmãs para retirar a 2ª via da identidade. No local, estavam dois policiais que teriam dito que ele deveria acompanhá-los, pois haveria mandado de prisão expedido desde 2013.
Em nota, o Ministério Público do Estado entendeu que são razoáveis as alegações da defesa de Leandro, que apresentou provas da que ele tem trabalho fixo e de que" o acusado pode ser outro homem com o mesmo prenome". Por isso, a promotoria opinou pela revogação da prisão preventiva, mediante a aplicação de medidas cautelares, como prevê a lei.
Os momentos dentro da penitenciária foram "um pesadelo sem fim", segundo Leandro. Para ele, que disse nunca ter entrado em uma delegacia, o isolamento era o principal motivo de tristeza. "Na prisão nós não temos contato com o mundo e por isso o tempo demora muito a passar. Fiquei em choque, não conseguia dormir, comer e nem tomar banho. Eu aprendi que a gente não dá valor às coisas, desde a liberdade até ter algo diferente, como um refrigerante para beber", contou.
Segundo o advogado Washington Luiz Tavares, Léo responderá ao processo em liberdade. O pedido de prisão aconteceu depois que o bandido Leandro de Souza Rodrigues cadastrou uma linha telefônica no nome do estudante.
"Ele (Léo) vai ser absolvido. Teremos testemunhas e estou pedindo uma perícia da voz do criminoso para comparar com a do meu cliente. Se ele quiser processar o estado isso só acontecerá mais para frente. Primeiro a parte criminal tem que ser resolvida", esclareceu o advogado.
*Estagiário sob supervisão de Cláudio de Souza
