Estações entre Campo Grande e Santa Cruz continuavam fechadas na noite de ontem. A alternativa encontrada por passageiros que não puderam contar com o serviço foi recorrer a vans
 - Alexandre Brum / Agencia O Dia
Estações entre Campo Grande e Santa Cruz continuavam fechadas na noite de ontem. A alternativa encontrada por passageiros que não puderam contar com o serviço foi recorrer a vans Alexandre Brum / Agencia O Dia
Por *O DIA

Rio - O BRT fechou estações devido à greve dos caminhoneiros e depois não conseguiu reabri-las, por causa dos traficantes. O Consórcio BRT manteve suspenso o funcionamento nos 16 quilômetros do eixo da Avenida Cesário de Melo, do corredor Transoeste, alegando falta de segurança.

Apesar de o prefeito Marcelo Crivella garantir que o sistema voltaria a operar ontem, até o início da noite não havia ônibus circulando e nem estação aberta no trecho que conta com 22 estações e atende 30 mil moradores de diversas comunidades carentes.

O Consórcio BRT informou que só tomou conhecimento da declaração do prefeito sobre a operação no eixo da Cesário de Melo através da imprensa, mas não garantiu o retorno do sistema. "Verificamos e confirmamos o policiamento em algumas estações. Caso venha a ser formalmente confirmada a manutenção de condições de segurança pelo poder concedente, faremos os últimos ajustes e iremos proceder às ações necessárias para retomar o mais rapidamente possível a operação".

Segundo o secretário municipal da Casa Civil, Paulo Messina, o BRT parou de operar no trecho porque traficantes teriam aproveitado o vácuo na administração (com a greve) e ocupado as estações. Na terça-feira, o Consórcio BRT já havia advertido que a operação no eixo só seria retomada "quando as autoridades de Segurança Pública garantissem as condições para o transporte de passageiros e o trabalho de nossos funcionários". O Consórcio reclama que as estações são alvos tanto de traficantes, quanto de milicianos.

"O eixo da Avenida Cesário de Melo há tempos sofre com a violência. Nos últimos três meses, os serviços foram interrompidos oito vezes (somando 37 horas) em decorrência de conflitos na região", reclama o consórcio. De acordo com o secretário Paulo Messina, os bandidos fizeram "das estações grandes quiosques do tráfico".

Durante coletiva, ontem à tarde, para anunciar o retorno do município ao estágio de normalidade, uma vez que não havia mais impactos severos nas operações da cidade por causa dos bloqueios de caminhões nas rodovias de acesso ao Rio, o prefeito chegou a cogitar que parte do valor da passagem do BRT fosse aplicada em segurança. "Isso é imprescindível, nós termos policiais que possam trabalhar conosco na folga e guardas municipais também. Realmente precisa de segurança no transporte e podem ter certeza que essas ações serão efetivadas". Pela manhã, policiais militares fizeram operação nas proximidades das estações.

Ontem, a juíza Luciana Losada publicou despacho informando que as empresas de ônibus desistiram de processo em que solicitavam o reajuste na tarifa. A desistência se deve a acordo entre prefeitura e empresas, que prevê aumento da passagem para R$ 4 (11%). O acordo foi enviado para a Justiça para homologação. Segundo a prefeitura, a Justiça devolveu o documento que está em análise pelo município.

Preços continuam altos: limão a R$ 19,98

 

Apesar de não haver mais bloqueios de caminhoneiros nas estradas fluminenses, os impactos nos supermercados e feiras livres do Rio ainda estão presentes. Verduras e legumes, como batata e cenoura, continuam em falta nas prateleiras e os preços altos afastam os consumidores, que reclamam também da qualidade dos alimentos.

No supermercado Mundial do Centro, a dona de casa Marcela Rodrigues deixou de levar mamão e morango por conta do custo. "Os preços de alguns produtos estão absurdos, mais do que o triplo! A expectativa é que no sábado, quando vou à feira livre, tudo já esteja normalizado", contou ela, que pesquisou preços em dois estabelecimentos.

Em um hortifruti da Lapa, o limão taiti era vendido ontem por R$ 19,98 o quilo. "Só estou comprando pois preciso para um remédio. Eu levava por R$ 6 o quilo, mas acho que os empresários estão aumentando os preços para lucrar com a greve. Ontem, por exemplo, comprei o limão aqui por R$ 15. Fora que a qualidade não está boa", reclamou a aposentada Cristiane Silva. Já o tomate e a cebola eram vendidos no mesmo local por R$ 9,98.

A qualidade dos itens também foi uma reclamação do comerciante José Gomes, que pesquisou em três supermercados. "O preço vai subindo e a qualidade cai, é incoerente o que os donos dos mercados estão fazendo", ponderou.

O aviso da possível indisponibilidade de alguns produtos continua na rede de supermercados Extra. Já no Mundial, a caixa de ovos foi limitada por duas dúzias por cliente.

O casal Gloria Regina e Wagner Vidal preferiu esperar para comprar tomate, ovos e limão na próxima semana. "Fiquei impressionada. Vamos aguardar até semana que vem para comprar esses alimentos, enquanto isso vamos substituindo. Temos expectativa de que os mercados normalizem isso logo", disse Gloria.

O feirante Luiz de Oliveira Fernandes trabalhou ontem em uma feira em Copacabana. Ele contou que estava parado desde a última quinta-feira: "Agora que começamos a receber as mercadorias que vêm da Região Serrana, mas o que vem de outros estados ainda não chegou. Sem carga, não tinha como trabalhar."

Segundo ele, os fregueses andam reclamando do preço das mercadorias, mas a situação só deve ser normalizada na próxima semana. "Algumas coisas ainda estão acima do normal. A batata e a cenoura, que vêm de fora do Rio, nem chegaram ainda, e devem chegar mais caros. Só esperamos que a situação se normalize logo."

ICMS cai só para o diesel

A Petrobras anunciou aumento da gasolina na refinaria de 0,74%, para R$ 1,96, a partir de hoje. Em muitas bombas do Rio, o litro passa dos R$ 5,00. Congelado por 60 dias após a greve, o preço médio do diesel na refinaria permanece em R$ 2,10.

Foi aprovado ontem na ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio) a redução do ICMS sobre o diesel de 16% para 12%. Entretanto, o tributo estadual sobre a gasolina foi mantido o mais alto do país, R$ 1,60 por litro (32%).

*Reportagem de Nadedja Calado e Wilson Aquino, com a estagiária Luana Dandara

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