Estudantes protestaram no Centro Acadêmico de Direito da PUC - Fernanda Dias
Estudantes protestaram no Centro Acadêmico de Direito da PUCFernanda Dias
Por GUSTAVO RIBEIRO E RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Um grupo de alunos do coletivo Nuvem Negra, da PUC Rio, se manifestou contra os episódios de racismo denunciados no Jogos Jurídicos Estaduais de 2018, em Petrópolis, no fim de semana. Membros do coletivo afixaram cartazes de protesto nas paredes externas do Centro acadêmico de Direito, na PUC-Rio, no início da tarde desta terça-feira.

Os cartazes trazem as mensagens "O seu racismo não vai passar em branco", "Racistas não passarão" e "Jogos sem racismo". O coletivo, formado por cerca de 100 estudantes, fará uma reunião na noite desta terça-feira para discutir as próximas ações que o grupo realizará. O objetivo deles é cobrar punição aos alunos acusados de cometer crime de racismo contra estudantes de outras universidades durante os jogos do fim de semana.

O coletivo vai solicitar à PUC que membros possam acompanhar a comissão disciplinar que vai averiguar o caso. Eles também pedem campanhas que discutam o tema racial na PUC, para que este caso seja ponto de partida para uma mudança da cultura racista que, segundo eles, existe na universidade.

Alguns alunos de Direito que estavam presentes se solidarizaram com o protesto e disseram que a maioria dos estudantes do curso desejam que os crimes sejam elucidados e os autores, punidos. Outros, no entanto, discordaram do protesto e classificaram como "vandalismo" e que as denúncias não têm provas.

Vítima deve prestar depoimento hoje

Em até dois dias, os estudantes da Uerj, que foram vítimas de racismo por parte de alguns alunos de direito da PUC-Rio, deverão registrar um boletim de ocorrência e prestar depoimento na 105ª DP (Petrópolis). Hoje, organizadores do Coletivo Jogos sem Racismo terminam de fazer um compilado com vídeos e fotos para entregar à Polícia Civil.

O objetivo é que o material ajude na identificação dos responsáveis pelas ofensas racistas que aconteceram no último final de semana nos Jogos Jurídicos. "Vamos terminar de recolher as fotos e vídeos hoje. E para os próximos dias vamos à delegacia", disse a estudante de Direito da Uerj, Raíza Uzeda, de 21 anos, uma das fundadoras do Coletivo Jogos sem Racismo.

O jovem estudante da Universidade Católica de Petrópolis (UCP), que sofreu atos de racismo após uma aluna da PUC-Rio jogar uma casca de banana, está com medo do que pode acontecer futuramente e perplexo com tudo que ocorreu. Desde sexta-feira o rapaz está recluso e evita se expor. Hoje ele disse ao DIA que "quer justiça e prefere não se expor".

Nesta terça-feira o jovem deverá comparecer a delegacia para prestar depoimento. "O rapaz vai procurar a delegacia. Foi isso que ficamos sabendo. Estive com algumas pessoas, que testemunharam os fatos. No entanto, preciso que o relato oficial seja feito na delegacia. Muitas informações não estão batendo", disse o delegado Claudio Batista Teixeira, titular da 105ª DP (Petrópolis). "Caso o estudante da UCP não compareça vamos procura-ló", afirmou.

Até agora nenhuma das vítimas fizeram um boletim de ocorrência. "O crime é de ação penal pública condicionada. Ou seja, mesmo sendo um crime de racismo, precisamos que a pessoa venha até a delegacia para fazer o registro. Esses alunos têm que se manifestar", lembra o delegado. "O que pode ter acontecido é injúria racial. Uma ofensa usando a cor de pele ou raça como desculpas", completou Teixeira.

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