A candidata Julia Agnes estava confiante:
A candidata Julia Agnes estava confiante: "Não tem como uma universidade desse tamanho ficar parada"Marcio Mercante
Por O Dia

Rio - Após a maior crise de seus 67 anos de existência, a Universidade Estadual do Rio (Uerj) celebra a retomada do interesse pelo vestibular, cuja primeira etapa foi disputada na manhã de ontem, em 14 municípios. Nesse ano, 50.803 candidatos se inscreveram, o que representa aumento de 35% em relação a 2017. O percentual de faltosos caiu de 10,3%, no ano passado, para 7,3% nesta edição. No principal campus, no Maracanã, nem mesmo a implosão do antigo prédio do IBGE, perto dali, na mesma manhã, atrapalhou os candidatos, que, entusiasmados, chegaram pontualmente ao exame.

Para o diretor do Departamento de Seleção Acadêmica da Uerj, Gustavo Krause, os números simbolizam a reabilitação da instituição, que resistiu até quatro meses de salários atrasados no ano passado.

"Hoje a universidade está em dia com os pagamentos. O Hospital Pedro Ernesto, por exemplo, está conseguindo se manter depois de uma determinação judicial que obrigou o repasse de R$ 7 milhões mensais. O retorno da Academia dos Bombeiros ao vestibular e o aumento de inscritos são ótimas notícias. Ainda não estamos a todo vapor, mas é possível comemorar", afirmou Krause. No vestibular 2017, 37.195 pessoas se inscreveram, alcançando o pior índice de participação desde que a universidade adotou o atual modelo de avaliação, há 19 anos.

De olho na vaga para o curso de Letras, o candidato Antônio Kath, de 17 anos, acredita que a Uerj "continua sendo uma referência". Sua colega, Letícia Freitas, 19, bateu na trave em provas militares e decidiu concorrer à Universidade Estadual do Rio pela primeira vez. "Tentei passar em alguns institutos militares, mas não consegui por conta do peso de algumas disciplinas, agora fiz a prova da Uerj e estou confiante", completou a jovem que pretende estudar Medicina. "Não tem como uma universidade desse tamanho ficar parada", disse Julia Agnes, de 17 anos.

MAIS CONTRATEMPOS

Os estudantes não foram os únicos que superaram obstáculos para estarem prontos para a prova. A organização do vestibular também encarou contratempos, como a segunda fase da implosão do antigo prédio do IBGE, na Mangueira, e a iminência de outra operação militar na Rocinha, já que na manhã anterior ao vestibular, a comunidade foi palco de uma mega-ação policial sob intenso tiroteio.

"Conversamos com o Comando Militar do Leste para que a operação fosse recolhida, pois temíamos que a mesma situação do ano passado ocorresse. Não nos foi dada certeza. No final das contas, surtiu mais efeito ficar com os dedos cruzados do que pedir ao Exército", revelou o diretor do Departamento de Seleção Acadêmica. Na prova de 2017, 23 moradores da Rocinha se inscreveram e somente dez deles conseguiram chegar a tempo de fazer a prova, pois naquela época, a comunidade também era alvo de operações da polícia.

No caso da implosão, a reitoria da Uerj precisou dialogar com a prefeitura, Metrô Rio e SuperVia para remarcar a operação prevista para o início da manhã, o que prejudicaria a locomoção dos candidatos para alguns locais de prova. O diálogo surtiu efeito a tempo, pois dois dias antes da implosão, a prefeitura decidiu adiar para 9h30 a demolição do prédio, garantindo, então, a circulação dos transportes até a abertura dos portões da Uerj, às 8h.

O gabarito da prova de ontem foi publicado no site vestibular.uerj.br, mas o resultado oficial, com divulgação do grau de pontuação dos alunos será divulgado, no máximo, até a próxima segunda-feira. Já a segunda chance da primeira etapa para o Exame de Qualificação será dia 16 de setembro.

Reportagem do estagiário Felipe Rebouças

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