Rio - O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, realizou uma reunião que durou quatro horas com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro (Sintraturb Rio), Sebastião José, e representantes da Rio Ônibus. Foi apresentada uma proposta reajuste de salário para parar a greve dos rodoviários que causa transtornos na cidade nesta segunda-feira. Ela prevê reajuste de salário pela inflação do ano passado e deste ano, e também um aumento na cesta básica, que são reivindicações do movimento. Nesta tarde, a Sintraturb, a Prefeitura e o Rio Ônibus chegaram num consenso de 7% de aumento para os rodoviários.
A ideia será apresentada em uma assembleia com os rodoviários às 16h de hoje, na sede do Sintraturb-Rio, à Rua Camerino 66. Segundo o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, haverá ainda hoje outra reunião para dar andamento às negociações. De acordo com o prefeito, o presidente do Sintraturb sinalizou que a proposta poderá ser aceita. "Com esses dois reajustes eu acredito que o principal das reivindicações fica atendido. Espero que eles pensem da mesma maneira", declarou Crivella.
Participaram também da reunião o presidente da Rio Ônibus, Cláudio Callak, e o secretário de Ordem Pública, coronel Paulo César Amendola. Inicialmente, haveria uma negociação direta entre os rodoviários e empresários de ônibus, mas a Prefeitura convocou uma reunião de emergência. "Temos interesse direto na normalidade da cidade. Nós precisamos arrecadar, a cidade parada dá problema para pagar os funcionários, comprar insumos para hospitais, merenda para as escolas", encerrou o prefeito, dizendo ainda que espera que a greve acabe ainda hoje.
Paralisação causa transtornos
Motoristas e cobradores de ônibus do município do Rio de Janeiro fazem paralisação hoje para reivindicar aumento salarial de 10%, após dois anos sem ajustes, pagamento de salários atrasados em algumas empresas, além de planos de saúde e auxílio-alimentação mais alto.
Apesar do sindicato da categoria anunciar que a greve seria gradual, funcionários de pelo menos quatro empresas já cruzaram os braços: Ideal, Três Amigos, Paranapuan e Real. Nelas trabalham 4,5 mil rodoviários, que atendem bairros das zonas Norte, Sul e Oeste do Rio. Os ônibus articulados dos corredores BRT também operam com intervalos irregulares.
Na Avenida Brasil, um grupo de rodoviários bloquearam parcialmente a pista lateral, na altura de Manguinhos, no sentido Centro do Rio. Motoristas foram coagidos a parar e alguns veículos vandalizados. Houve reflexos na Linha Amarela, desde a Estrada do Pau-Ferro, no sentido Fundão. A Linha Vermelha, que poderia ser uma opção, também teve trânsito lento da Rodovia Washington Luiz ao Galeão e do Fundão até o Caju, sentido Centro.
Um dos bairros afetados é a Ilha do Governador, onde circula 11 linhas da Transportes Paranapuan (328, 323, 322, 327, 634, 910, 901, 912, 922, 635 e frescão 2342). Na região, praticamente nenhum ônibus rodou e carros particulares estão fazendo lotadas. Vans de transporte alternativo chegam a cobrar R$ 8 e não estão aceitando Bilhete Único.
O encarregado de obras Cláudio dos Santos, de 44 anos, esperava o 910 para seguir para o trabalho, na Penha, mas ela não passou. Com isso, a única opção foram as vans ou os veículos particulares. "As vans não estão aceitando RioCard e estão cobrando R$ 8. Estou desde 6h40 e só passa vans lotadas", reclamou.
A secretária Alice Fernandes, de 55 anos, trabalha na Fiocuz e estava esperando há quase uma hora no ponto, que estava lotado. "Acho difícil eu chegar ao trabalho hoje. Já avisei ao meu chefe que estou há quase uma hora aqui e caso eu consiga chegar não sei como voltar", contou. Ela, que pega 8h no serviço, ainda esperava condução quando faltava menos de 20 minutos para este horário.
A vendedora Maria Antonieta Santos, 50 anos, pega duas conduções para chegar ao trabalho, na Gávea, onde entra às 11h. Ela chegou às 6h ao ponto para não atrasar, mas às 8h ainda esperava pelo ônibus. "Vou voltar para casa", disse.
O Centro de Operações recomenda que os usuários se desloquem por trens, metrô, barcas ou VLT. A Prefeitura do Rio afirma que já acionou plano de contingência para monitorar os serviços prestados pelos consórcios e aplicará sanções em casos de irregularidades.
Além disso, a Secretaria de Transportes também garantiu que acompanhará o posicionamento da Justiça do Trabalho sobre a legalidade da greve - e acolhimento de eventuais liminares para garantir a prestação do serviço.
A Supervia, empresa que administra a malha ferroviária do Rio, informa que está monitorando o aumento da demanda de usuários por conta da paralisação e reforçará a operação se for necessário. Metrô e VLT operam normalmente.
A Concessionária MetrôRio disse que, em razão da redução da circulação de ônibus, reforçou as equipes em operação nas 41 estações para assegurar a agilidade no atendimento e a segurança no transporte. Se for necessário, a operação de horário de pico à noite será estendida.
Ao longo da Avenida Santa Cruz, em Bangu, os pontos ainda estavam lotados às 10h, e vans e kombis piratas circulam sem ser incomodadas. Uma moradora de Vasconcelos, sub-bairro de Campo Grande, chegou em Bangu às 7h20 e quase duas horas depois ainda esperava um ônibus para Madureira, onde trabalha como atendente de telemarketing. "Avisei ao meu patrão e ele disse que posso ir com calma", disse.
Os três mil motoristas da Transporte Barra, que pertence ao grupo Redentor e que roda na região, pararam meia-noite. A empresa tem 500 ônibus e os rodoviários reclamam das péssimas condições de trabalho. Eles disseram que pararam por conta própria e só voltam quando receberem os salários atrasados e benefícios. "A impressão que tenho é que o sindicato tem medo do grupo Redentor", falou um rodoviário.
A Concessionária MetrôRio informa que, em razão da redução da circulação de ônibus, reforçou as equipes em operação nas 41 estações para assegurar a agilidade no atendimento e a segurança no transporte dos clientes. Caso seja necessário, também estenderá a operação de horário de pico na operação da noite desta segunda-feira, 11/06.