Rio - Após a morte do chefe de investigações da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), Ellery de Ramos Lemos, o delegado Felipe Curi fez um desabafo sobre as condições de trabalho em uma carta ontem. Lemos foi morto em operação na Favela de Acari na terça-feira e Curi disse que "não ficará impune". O corpo do agente foi enterrado durante a tarde.
"Não temos acesso às modernas ferramentas de inteligência. Viaturas que mais parecem sucatas ambulantes. Os blindados só funcionam com gambiarras e sempre quebram nos locais mais perigosos. Por vezes temos que implorar para uma interceptação telefônica, por um mandado de prisão", escreveu Curi.
O titular também criticou grupos ligados aos Direitos Humanos e parte da imprensa que, na sua opinião, não irá cobrar a elucidação do crime. "Até agora não vi a Anistia Internacional, Comissão de Diretos Humanos da Alerj e outras ONGs se manifestarem sobre a estúpida morte do Lemos. E não verei. Não se manifestarão publicamente para cobrar empenho e uma rápida elucidação. Talvez porque ele fosse branco, pai de família, policial e não fizesse parte de partidos de esquerda".
O delegado finalizou com elogio aos policiais: "Apesar de todas as dificuldades e carências, a Polícia Civil tem o dom de se reinventar e é composta por verdadeiros guerreiros que tem o sangue de polícia na veia. E nós mesmos iremos chegar aos responsáveis por essa barbárie. Não ficará impune!".
O enterro do corpo do inspetor Lemos ocorreu no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. Amigos e parentes compareceram à cerimônia. De um helicóptero, pétalas de rosa branca foram jogadas em homenagem ao agente, que atuou na polícia por 16 anos. Curi esteve presente no enterro, assim como o secretário de Segurança do Rio, General Richard Nunes. Felipe é o segundo delegado a fazer críticas sobre a estrutura da Polícia Civil. Na semana passada, o delegado Brenno Carnevale também criticou o estado precário da instituição para investigações.