Operação envolvendo órgãos da Prefeitura do Rio, como a Guarda Municipal, e a PM cumpriu reintegração de posse em terreno na Rua São Luiz Gonzaga, em São Cristóvão - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Operação envolvendo órgãos da Prefeitura do Rio, como a Guarda Municipal, e a PM cumpriu reintegração de posse em terreno na Rua São Luiz Gonzaga, em São CristóvãoEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - Policiais do 4º BPM (São Cristóvão) e outros órgãos cumprem, na manhã desta sexta-feira, a reintegração de posse de um terreno na Rua São Luiz Gonzada, número 600, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio. Por conta da operação, a via foi interditada entre os largos do Cancela e Pedregulho nos dois sentidos. Às 13h35, o sentido Centro foi liberado, mas quem seguia para Benfica ainda encontrava a pista fechada.

O terreno, um galpão de propriedade particular, estava ocupado por 70 famílias — cerca de 300 pessoas — há quase três anos e a Justiça determinou a sua reintegração de posse. Segundo a Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Urbanismo, da Prefeitura do Rio, foi feito um cadastramento prévio das famílias, com base na relação passada pela própria associação de moradores do Tuiuti. Elas receberão um auxílio de Aluguel Social de R$ 400 e serão inscritos em programas de reassentamento pelo programa Minha Casa Minha Vida.

Seis caminhões são usados para a retirada dos pertences dos ocupantes do local. Alguns, que tinham saído para trabalhar, foram pegos de surpresa pela ação e voltaram correndo para o terreno. Segundo os moradores, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, esteve no espaço e prometeu o cadastro das famílias e teria dito que ela poderiam ficar até que o imóvel em que seriam reassentados ficasse pronto na Mangueira. 

Ocupantes de terreno em São Cristóvão deixam o local durante operação de reintegração de posse - Estefan Radovicz / Agência O Dia

A desempregada Raquel Vilela Leite, de 24 anos, tem dois filhos, um de 3 anos e outro de apenas dois meses. Ela disse que morava com o marido no Jacaré, que a abandonou. Sem condições financeiras para arcar com o aluguel, acabou despejada. Em 2015 foi morar no terreno ocupado.

"Não sei o que vou fazer agora. Quando eles chegaram aqui eu estava amamentando meu filho e apagaram a luz. Não queremos dinheiro e nem ir para abrigo, só queremos uma moradia decente. Não sei o que vou fazer com os meus filhos. Estou só com a roupa do corpo e os nossos documentos", disse. 

A diarista Iraci Torres, 54 anos, disse que o prefeito Eduardo Paes, na gestão anterior à de Crivella, também não se opôs à permanência das famílias no local, desde que as moradias improvisadas por lona fossem trocadas por alvenaria. Os ocupantes juntaram dinheiro e conseguiram fazer as construções.

"Na semana passada, vieram os oficiais de Justiça e pressionaram a gente, dizendo que tínhamos que tirar nossas coisas. Com medo de perder o que eu tinha, deixei minhas coisas na casa de conhecidos. Só trabalho quando consigo uma diária. Isso é desesperador", falou. 

Raquel Vilela Leite, de 24 anos, vivia com os dois filhos na ocupação em São Cristóvão: "Não sei o que vou fazer agora", disse. - Estefan Radovicz / Agência O Dia

O Centro de Operações da Prefeitura do Rio (COR) informou que o trânsito era desviado para a Rua São Januário, no Largo da Cancela, e para a Rua Capitão Felix, no Largo do Pedregulho. Equipes da CET-Rio e da Guarda Municipal também atuam no local.

O fechamento causou retenções na Rua Visconde de Niterói, desde o Museu do Samba; na Rua Ana Neri; na Rua Senador Bernardo Monteio; na Rua Fausto Barreto; na Rua Couto de Magalhães; e na Av Dom Hélder Câmara, desde o Viaduto de Benfica. Às 14h45, o trânsito era apenas intenso.

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