O App, desenvolvido em 2016, está disponível para os policiais nos sistemas Android e IOS - Fernanda Dias
O App, desenvolvido em 2016, está disponível para os policiais nos sistemas Android e IOSFernanda Dias
Por Bruna Fantti

Rio - Antes anunciado como uma oportunidade para o policial militar complementar a renda no horário de folga com a possibilidade de escolha do local de serviço, agora uma obrigação. Desde que foi retomado no mês passado, de forma compulsória, o Regime Adicional de Serviço (RAS) virou motivo de desgaste entre a cúpula da Polícia Militar e o Gabinete de Intervenção Federal (GIF).

O RAS foi anunciado em 2012 pela corporação na tentativa de afastar o policial da segurança privada, ou seja, do chamado bico, que não é autorizado. De acordo com o regimento da PM, caso um agente seja flagrado trabalhando como segurança ele poderá ser punido, com processo disciplinar, por exemplo. Com o RAS, o agente poderia complementar a renda de forma autorizada.

Ao ser lançado há seis anos, o programa oferecia uma remuneração e listava locais e horários onde o policial poderia trabalhar, caso ele desejasse. Com a crise financeira estadual, no entanto, o RAS foi suspenso logo após o término da Rio 2016 e passou a atrasar os pagamentos.

O gabinete decidiu voltar com o programa, mas, de forma obrigatória, ação que era descartada pela cúpula da PM e chegou a ser rechaçada no período do Carnaval, quando a Segurança Pública do Rio ainda estava sob o comando do governador Luiz Fernando Pezão.

No Boletim da PM, a ação foi descrita da seguinte forma: "Considerando a necessidade de se aumentar a ostensividade da Corporação e buscar a redução dos indicadores criminais, o Chefe do Estado-Maior torna público o quantitativo de RAS. O período de emprego será diário, até segunda ordem. Os Policiais Militares escalados no RAS Compulsório deverão ser empenhados em turno de 8 horas entre 06:00 e 22:00 horas".

ALTOS ÍNDICES

Em seguida, os locais onde eles deverão trabalhar são enumerados. As áreas escolhidas possuem índices criminais registrados com maior frequência, como Irajá, Duque de Caxias, Olaria, São Gonçalo. "Não me importo de trabalhar em um local perigoso. Mas tenho que conhecer o mínimo da área para realizar o patrulhamento. Fica difícil policiar ou até escolher uma rota de fuga em caso de confronto", disse um soldado, que trabalha em uma UPP da Zona Sul e foi escalado em Irajá.

Na próxima semana, representantes do movimento SOS Polícia vão pedir uma reunião com o comandante-geral da PM para debater o assunto. "O RAS compulsório reduz ainda mais o convívio do PM com os seus familiares, influenciando na sua qualidade de vida. Isso repercute na qualidade do serviço e na saúde do policial. De acordo com as suas necessidades financeiras o policial poderia ter o direito de decidir, por isso somos favoráveis ao RAS voluntário", afirmou o tenente Nilton da Silva, Representante do SOS Polícia.

Outra reclamação dos policiais é em relação à diferença paga por dia de trabalho extra. Enquanto um PM recebe R$ 163 pelo serviço, a diária do policial rodoviário que trabalha na folga é de R$ 420. Procurados, o GIF e a PM não se manifestaram.

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