A blogueira Olivia Souza Cruz, 52 anos é cliente do Uber - Marcio Mercante / Agencia O Dia
A blogueira Olivia Souza Cruz, 52 anos é cliente do UberMarcio Mercante / Agencia O Dia
Por O Dia

Rio - Depois que uma linha de ônibus foi extinta, a assessora Mariana Totino, de 27 anos, passou a contar apenas com uma opção para voltar para casa. O trajeto fica na Zona Norte: de Vaz Lobo, onde visita os tios regularmente, para a casa onde mora, em Madureira. Mas o coletivo que restou demora até uma hora para passar. A assistente social Glaucia Marinho, de 31, não dirige mais à noite. Moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela conta que tomou a atitude após ter tido o carro roubado. A mãe, a irmã e a filha também estavam no veículo, que não tinha seguro. Seja pela carência de oferta no transporte público ou por medo da violência, as duas passaram a se locomover de Uber.

Segundo a empresa, esse tipo de história é mais comum do que parece. E justifica o aumento significativo do uso do aplicativo no país. Com a expansão de usuários em áreas afastadas das regiões centrais das grandes cidades, a média de viagens mais que quadruplicou entre junho de 2017 e fevereiro deste ano, de acordo com a empresa. Nesse intervalo de oito meses, foram de 62,5 milhões a cada 30 dias (veja no infográfico ao lado). É o equivalente a 2 milhões de deslocamentos por dia. Para se ter uma ideia, cerca de 1,5 mil usuários utilizam o aplicativo para se locomover por minuto.

No Rio, o fenômeno está ligado às opções mais restritas de transporte público em regiões afastadas do Centro e da Zona Sul. "Sempre que começamos a atuar em alguma cidade, procuramos maneiras de contribuir para o seu desenvolvimento. Em relação ao transporte público, funcionamos como um complemento. Especialmente à noite, quando diminuem as opções. Além disso, há áreas mais afastadas em que o transporte público ainda não chega. A gente consegue suprir essa lacuna", diz Henrique Weaver, gerente-geral da Uber para o Rio.

Aliás, a combinação entre a falta de opção de transporte público e o aumento da violência aparecem juntos, contribuindo para o crescimento do uso do aplicativo. Para Mariana Totino, citada no começo da reportagem, a espera pelo único ônibus que restou na volta para casa representa um risco. "Eu costumo me deslocar um pouco mais tarde. Nessas ocasiões, prefiro pegar um Uber, pois tenho o receio de ficar muito tempo esperando na parada. O ponto fica na Avenida Edgard Romero, onde há muitos casos de assalto", explica Mariana.

Opção econômica

Gláucia, que deixou de dirigir à noite justamente com medo de voltar a ser vítima da criminalidade, também justifica a opção pelo aplicativo à carência de transporte público em Nova Iguaçu, onde mora. No caso dela, o preço cobrado pela viagem é quase o mesmo em comparação ao valor pago ao pegar dois ônibus para visitar a família, no bairro Rancho Novo. "Além da rapidez e do conforto, estou acompanhada por um motorista. Isso dá mais tranquilidade. Se fosse de ônibus, ainda teria que caminhar por um túnel que é muito perigoso. Prefiro pegar um Uber e ir direto", justifica Gláucia, que mora no bairro Moquetá, a cerca de três quilômetros do bairro Rancho Novo.

Para ir até o Centro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, o auxiliar administrativo Marcelo da Silva, de 51 anos, também pensa no custo-benefício. Morador do sub-bairro Débora 1, ele só encontra opção de ônibus na Estrada da Posse. Até lá, precisa caminhar cerca de 15 minutos. "Costumo ir com a minha esposa ao Centro até três vezes por semana. O preço de duas passagens é quase o mesmo da Uber. Ainda fico menos exposto, pois deixo de caminhar pelo trecho entre minha casa e o ponto de ônibus, que costuma ter assaltos, principalmente à noite", relata Marcelo da Silva.

Integração com transporte público
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De acordo com a empresa, é comum os passageiros utilizarem os serviços da Uber de forma combinada com o transporte público, mesmo que seja para um trajeto de curta distância. É o que acontece, por exemplo, com a publicitária e blogueira Olivia Souza Cruz, de 52 anos. Ela mora em Santa Teresa. Lá, após a redução da disponibilidade dos bondes, em 2011, há apenas três linhas de ônibus para os moradores. Com compromissos frequentes na Barra da Tijuca, ela combina o metrô com o uso do aplicativo. "Faço o trajeto entre as estações do Jardim Oceânico e da Glória e depois pego um Uber até Santa Teresa. Faço isso quando estou com pressa ou quando volto para casa tarde da noite", explica Olivia.
 
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Algoritmo inteligente a serviço da segurança
O dispositivo de segurança mais recentemente anunciado pela Uber se refere a uma tecnologia de machine learning, conhecida como 'aprendizado de máquinas'. Com base nos dados gerados em milhões de viagens, o sistema consegue identificar viagens com maior risco. Caso o risco seja alto, o app bloqueia a solicitação. "O cálculo é feito com base em dezenas de variáveis como locais e horários do pedido, forma de pagamento, e histórico de incidentes na região", explica Henrique Weaver, gerente-geral da Uber para o Rio.
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Caso o sistema identifique risco, o aplicativo solicita informações adicionais ao usuário ou sugere que ele adicione outro meio de pagamento, como cartão de crédito. "A segurança é a nossa prioridade", garante Weaver.
ROTAS COMPARTILHADAS
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Além da triagem para o cadastro do condutor, que exige checagem de antecedentes criminais, há um dispositivo que a estudante Adriele Pereira, de 23 anos, sempre usa: o compartilhamento de rotas. "Mando o percurso para que a pessoa que me espera também possa acompanhar a viagem. Isso me deixa mais segura", conta. "A rota pode ser acompanhada até mesmo em outra cidade ou país", diz Weaver. A blogueira Olivia Cruz se contenta em conferir a placa, o modelo do veículo e a identidade do motorista. "Só entro no carro depois que os dados batem", diz.
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Checagem de cadastro
Pelo menos uma vez por mês, quando o motorista parceiro Gustavo de Jesus fica online, o aplicativo da Uber pede para que ele tire uma selfie e faça upload da imagem. O dispositivo é mais um mecanismo de segurança utilizado pela empresa. "Isso é feito de forma aleatória e periódica com todos os motoristas, para termos certeza de que o condutor é a mesma pessoa que consta no nosso cadastro. A checagem é imediata", explica Henrique Weaver, gerente-geral da Uber para o Rio.
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Gustavo, que há dois anos é motorista da Uber, aprova a medida. "Acho essa confirmação de cadastro muito importante, pois inibe a possibilidade de fraudes e valoriza as pessoas que trabalham de forma correta. Hoje, eu dependo dessa renda. E quanto mais exigências para garantir a segurança, melhor para mim", diz Gustavo de Jesus, que mora em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio.
Nos momentos em que precisou fazer contato com a empresa, o motorista parceiro Rubens Massena, que atua na Uber há nove meses, também se sentiu valorizado. Em um dos casos, ele foi reconhecido após ter tido uma nobre atitude em uma corrida. "Uma vez, eu estava com algum problema no celular e a cada tecla que eu acionava gerava um comando diferente. Nisso, acabei cancelando uma viagem sem querer, gerando uma cobrança indevida para o passageiro. Fiz contato com a empresa, no menu 'Ajuda' do app e eles estornaram a cobrança", recorda Massena.
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A atitude da empresa, segundo o motorista, foi tomada em cerca de 20 minutos. Pouco depois, ele recebeu uma mensagem no aplicativo. "Cheguei até a ficar emocionado, pois o texto dizia que a Uber estava feliz em contar com parceiros honestos", lembra.
Para prestar serviços aos motoristas, a Uber investiu R$ 10 milhões nos centros de atendimento no último ano. O mais recente foi inaugurado há uma semana, em Madureira. Os outros estão no Centro e na Vila Valqueire. Também há unidades em Duque de Caxias, São Gonçalo, Cabo Frio, Volta Redonda e Campos.
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